13 de maio de 2024
Comportamento

CRIANÇAS EM ALPHA

Transeuntes (1921) – George Gosz – Galeria Estadual de Stuttgart, Alemanha

Quem  se atreve  a escrever sobre o futuro, corre o risco de em pouco tempo, descobrir-se comedido nos devaneios.

Quem, há três anos, haveria de prever que o mundo, paralisado de medo, fecharia para balanço e o primeiro ensaio de normalidade, muito além dos quarenta dias imaginados,  tragado por nova onda, não seria o último?

A geração das crianças de hoje, chegarão às portas do admitavel mundo novo, antes que  imaginado por Aldous Huxley.

Uma vida melhor, como nunca existiu.

É o que se espera dos netos dos baby boomersnascidos de 2010 pra cá.

A vez, a hora e o porvir, a eles pertencem.

Essa turminha está se preparando para consertar os malfeitos e estragos deixados por quem veio antes, ficou pra trás, ou ainda vaga neste vale de lágrimas.

Na sucessão de gerações, depois das X, Y e Z, na  falta de mais letras no alfabeto, foi dado reset, reinicializada e batizada de Geração Alpha.

Crianças nascidas em ambiente tecnológico, serão mais independentes e aptas para resolver problemas.

Com carga maior de estímulos, mais inteligentes e resolutivas.

Já vivem em ambiente com menos hierarquia, mais diálogo e diversidade.

Não adianta reclamar da falta de respeito aos pais.  Melhor economizarmos o pouco tempo que nos resta.

Eles não vão  pedir a benção, nem permissão para fazer o que acham certo.

É bom já-ir-se-acostumando. Papai  e mamãe vão ser chamados de vocês, mesmo.        

O Senhor e a Senhora estão no Céu, diria nossa bisavó.

Serão cada vez mais independentes, naturais, ecológicos, sinceros e felizes.

Trabalharão muito menos que os velhos burros de carga.

Acumularão quase nada.

Viverão com o essencial.

Sai o lazer, entra o viver.   

O resto, a inteligência artificial proverá.

Solte a imaginação, dê asas ao que não veremos voar.

Quais serão as atividades de um médico que vai colar grau (será encontrado outro termo com menos naftalina) em 2050?

Cirurgião, não vai ser.

O robô já está operando quase sozinho.

Radiologista?                                                                     A transsonância fará o exame e mandará imagens esculpidas e laudos para o cleverphone do médico.

Mas será ainda preciso, um doutor de carne e osso pra fazer, o que?

Consultas, pedir exames, prescrever?

Essas coisas de 12?                                                         

De 2012?

Quem vai substituir o esculápio, o nome ninguém sabe.                                                                                    

A profissão ainda não existe, nem conhecidas suas competências.

O próprio paciente, ou melhor, a própria pessoa que quer saber o que não está funcionando bem no seu corpo, vai alimentar seu Health Card com o rol dos sintomas e um algoritmo, calculado online, soltará um diagnóstico no capricho.

Com 99,9% de acerto e acompanhado do esquema terapêutico.

O que ainda não dá pra prever é o que será feito das coisas obsoletas e inúteis.                                        

E com os políticos.

Aceitam-se sugestões.    

Enviar mensagem teletransmutável  para a AAAG.

Administração Automatizada Autônoma Global.

Crepúsculo (1922) – George Gosz  – Museu Thyssen-Bornemisza, Madri


(Revisita ao texto publicado em 23/07/2019)

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