2 de maio de 2024
Coronavírus

DE NOVO, GOLPISTAS

A6B7342F-F77C-467E-AAC8-8C6DF093C2CE(Publicação original em 04/05/2019)

Os tempos pandêmicos mudam comportamentos.

Mais  por força da lei da sobrevivência que dos decretos oficiais. Primeiro, os óbvios, fundados no isolamento e no medo.

Novos hábitos já foram incorporados até pela laboriosa e incansável categoria dos trambiqueiros, vigaristas, golpistas e afins.

Mudam os tempos, velhas práticas.

Quem hoje, disfarçado de pesquisador telefônico do Ministério da Saúde, rouba as senhas e as contas poupanças da Caixa, até o limite de 600 reais, associa modernas tecnologias com a mesma, velha e irresistível,  matéria-prima.

A saliva.


GOLPE DE AGRESTE

Seria uma das primeiras cidades do interior a ter um grande supermercado.

Não se sabe bem como ocorreu  aquela escolha mas havia sido feita por razões estritamente técnicas.

Um empresário cearense que deve ter se aprofundado em estudos do potencial de mercado  da micro-região (ou no jogo de búzios) chegou  com armas e bagagens para, em tempo recorde, instalar uma loja como poucas existentes na capital.

Fez do melhor quarto da rede hoteleira, seu escritório e em pouco tempo e muita conversa , conseguiu um bom terreno, uma secretária boa e dizem, crédito ilimitado com  os agiotas locais.

Quando saía à rua já era seguido por pequeno séquito de assessores e gente pedindo emprego.

Fazia visitas diárias ao futuro canteiro de obras e aos colegas comerciantes, com quem queria estabelecer parcerias.

O tempo foi passando e os recursos que deveriam ter chegado para tocar a obra,  não apareciam.

Apesar  dos atrasos com alguns compromissos, os principais investidores, o dono do hotel e o primeiro escalão do seu staff não reclamavam.

Tem que se ter muita paciência com a burocracia bancária, diziam.

Quando surgiram comentários maldosos e a situação parecia fugir do controle, anunciou aos quatro ventos,  as boas novas recém-recebidas de Fortaleza. Toda engenharia financeira estava resolvida e os recursos liberados.

Determinou urgência no desmatamento e limpeza do local enquanto viajava para a matriz.

Voltaria no  helicóptero da empresa, com dinheiro para pagar todas as  contas e fazia questão de pousar onde iria erguer seu empreendimento.

Na data e horário marcados para o retorno, uma pequena multidão aglomerou-se próximo ao heliponto.

Divididos, incrédulos e credores, casaram apostas: vem ou não vem?

Com o vôo cancelado, naquele e em outros dias seguidos, alguns que  conviveram mais de perto com o desaparecido, só por curiosidade, resolveram ir à capital alencarina, tirar a estória a limpo.

O endereço da sede da holding não existia.

Por mais que procuraram, nenhuma notícia ou rastro do megaempresário em quem tanto confiaram.

Nenhuma queixa policial foi prestada.

Ninguém reconheceu prejuízos.

Somente alguns anos depois, soube-se, por notícia de jornal, de caso semelhante no interior da Bahia.

Por coincidência no mesmo ramo de negócios e  personagem homônimo,  Dr. Chiquinho.

Sem sobrenome.

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