DECLARAÇÃO DE EX-VOTO
Há quatro anos, estávamos votando em primeiro turno nas eleições presidenciais.
Apesar do vasto leque de opções e candidatos de todo tipo, pra todos os gostos, um afunilamento antecipado entre extremos se repetiu na batalha final, três semanas depois.
É tempo de recordar o que aconteceu antes de várias agudizações da crise econômica, de uma devastadora pandemia e da frustração com vacinas que não imunizaram.
Nada melhor que a própria declaração de voto, postado nas redes sociais, na véspera, na noite dos tambores silenciosos, como uma satisfação aos amigos e seguidores, para justificar um voto meio envergonhado.
Um vaticínio, habeas corpus preventivo para tudo que poderia acontecer.
“Agora, o voto anti-PT tem uma única jogada possível. Temos que passar a bola para Bolsonaro, a última alternativa. Só resta ele, o último homem. O Capitão ou a quinta eleição seguida da petralhada.”
Quantos eleitores não votaram com o único argumento, e a derradeira chance da saudável alternância do poder?
O recado claro que somente com apoiadores extremistas não seria construída a vitória e a expectativa de um governo centrado, conciliador, não foi aceito.
A nação seguiu dividida.
“Deus deu ao homem dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos.”
O conselho oriental de moderação verborrágica não foi ouvido, mas os santos e orixás obram insondáveis milagres.
Sob a guarda do bem aventurado ministro, a Economia está se recuperando mais rápido que esperavam os arautos da desgraça e os adoradores da miséria do povo.
O ressurgido das cinzas da corrupção, embriagado de ideias apodrecidas, ainda seduz e engana.
O claustro de nada lhes serviu, a não ser para cevar maléficos sentimentos de revanche e vingança, externados no desejo de controle estatal dos meios de produção e da propriedade privada, e da ameaça à liberdade da livre manifestação do pensamento.
Novamente a opção final, distante do que poderia ser, se os melhores se oferecessem para o julgamento popular.
Não é hora de trocar o certo pelo duvidoso.
Dos males, o menor.