3 de maio de 2024
Política

DECLARAÇÃO DE EX-VOTO

 

Mestiço (1934) – Cândido Portinari – Pinacoteca do Estado de São Paulo.


Há quatro anos, estávamos votando em primeiro turno nas  eleições presidenciais.

Apesar do vasto leque de opções e candidatos de todo tipo,  pra todos os gostos, um afunilamento antecipado entre extremos se repetiu na batalha final, três semanas depois.

É tempo de recordar o que aconteceu antes de várias agudizações da crise econômica, de uma devastadora pandemia e da frustração  com  vacinas que não imunizaram.

Nada melhor que a própria declaração de voto, postado nas redes sociais, na véspera, na noite dos tambores silenciosos, como uma satisfação aos amigos e seguidores, para justificar um voto meio  envergonhado.

Um vaticínio,  habeas corpus preventivo para tudo que poderia acontecer.

     Agora, o voto anti-PT tem uma única jogada possível. Temos que passar  a bola para Bolsonaro, a última alternativa.                                                      Só resta ele, o último homem.                                       O Capitão ou a quinta eleição seguida da petralhada.”

Quantos eleitores não votaram com o único argumento, e a derradeira chance  da  saudável alternância do poder?

O recado claro que somente com apoiadores extremistas não seria construída a vitória e a expectativa de um governo centrado, conciliador, não foi aceito.

A nação seguiu dividida.

      “Deus deu ao homem dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos.”

O conselho oriental de moderação verborrágica não foi ouvido, mas os santos e orixás obram insondáveis milagres.

Sob a guarda do bem aventurado ministro, a Economia está se recuperando mais rápido que esperavam os arautos da desgraça e os adoradores da miséria do povo.

O ressurgido das cinzas da corrupção, embriagado de ideias apodrecidas, ainda seduz e engana.

O claustro de nada lhes serviu, a não ser para cevar maléficos sentimentos  de revanche e vingança, externados no desejo de controle estatal dos meios de produção e da propriedade privada, e da ameaça à liberdade da livre manifestação do pensamento.

Novamente a opção final, distante do que poderia ser,  se os melhores se oferecessem para o julgamento popular.

Não é hora de trocar o certo pelo duvidoso.

Dos males, o menor.

Criança morta (1944) – Cândido Portinari- MASP, Museu de Arte de São Paulo

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