Depois de 15 anos no ex-Twitter, jornalista deixa rede: …” me retirar de um ambiente tóxico e perigoso”
O sentimento é de despedida numa rede social, que já foi ponto de encontro entre formadores de opinião e seguidores num banco virtual de praça com contraditório imediato, posts e reposts, alguns blocks no meio do caminho.
No início, tudo resumido em 140 carácteres. Tempo bom que evidenciou e aproximou figuras já conhecidas, revelou outras . Um like de alguma celebridade era motivo de alegria.
O tempo passou, a polarização política ganhou o mundo e invadiu as redes sociais com robôs e haters. O Twitter não ficou imune.
Em 2022, a venda para o bilionário sul-africano Elon Musk. Símbolo de sucesso da extrema direita, ser controverso para os outros mortais.
Fato é que ele resolveu afrontar o Judiciário brasileiro nos últimos dias em sua própria arena X. Levou para o mundo afronta ao Governo brasileiro e ministros da Suprema Corte.
O clima pesou. Usuários do ex-Twitter relatam perdas de seguidores, limitação de alcance e excesso de “monetarização”.
Hoje, um sinal com eco da debandada veio com a despedida da jornalista Vera Magalhães, que traduziu em três posts o sentimento de muitos; ambiente tóxico e perigoso.
Abaixo, a despedida da jornalista do Globo, CBN Cultura:
A partir do momento que uma rede social vira uma arma para o dono fazer política, falar em liberdade é piada. Quem está aqui está topando as regras do jogo de Elon Musk e usando sua expertise, seu trabalho para alavancar sua arma política. Por isso, a partir de hoje, não estarei.
Entrei no Twitter em 2009, e naquele ano fiz a primeira cobertura em tempo real por aqui. Um julgamento do STF, aliás. Não era comum na época e virou case em aula de jornalismo do querido @alecduarte, que, se vivo fosse, falaria: “ senhores, estamos notabilizando idiotas”.
Os 923000 e mais alguns, humanos e robôs, declarados e anônimos, fãs e haters, amigos da vida pessoal, amigos que fiz aqui (já foi possível), pessoas que gosto de acompanhar: estarei na rede ao lado, na CBN, na Cultura e no Globo. Mas aqui não mais.
Acredito que minha responsabilidade como jornalista é me retirar de um ambiente que se tornou tóxico e perigoso. E deixar de ser engrenagem desse mecanismo. Nos vemos por aí.
Vou dar um tempo pra quem quiser ler e depois essa conta vai virar oó de estrela 😘