ELEIÇÃO EM VERTIGEM
No bipartidarismo americano, parece que não há espaço político fora da salutar alternância do poder.
O sistema eleitoral, confuso, desta vez promete ser mais ainda.
No país onde vale o escrito nos contratos, não se mudava as regras depois do jogo iniciado. O resultado era aceito sem contestações. Mas isso foi antes do show do Donald.
Pode-se até pensar que há mais opções para quem vai eleger o prefeito de Jucurutu que o presidente da maior democracia do mundo.
Se os jucurutuenses vão escolher entre quatro candidatos, os americanos têm número indeterminado.
Independentes, desconhecidos e sem divulgação. De partidos pequenos e regionais.
Na eleição 2020, o rapper Kanye West é a novidade da hora.
Casado com a celebridade dos reality shows, Kim Kadashian, aos 43 anos, tem conseguido generosos espaços nas mídias para apresentar o seu Birthday Party.
A festa e o partido são conservadores.
Sem perder a modernidade nem o swing.
Em 12 estados, venceu a burocracia, conseguiu o registo e estará nas cédulas de votação, esperando receber os votos de quem se interessa pela criação de uma nova cultura de vida.
Os temas são sérios.
Desde o endosso da gestão ambiental, passando pelo apoio às artes, até a adoção de políticas públicas que fortalecem a fé religiosa.
Como os partidões, não esquece que a defesa nacional deve ser forte e avança num ponto polêmico, ao propor a restauração da oração nas escolas.
É contra o aborto e a pena de morte.
Até agora, as maiores conquistas da candidatura foram um pedido da atriz Jennifer Aniston para a classe artística não desperdiçar o voto útil para Joe Biden e uma citação no filme de maior sucesso da temporada.
No Borat 2, aparece entre os grandes líderes mundiais.
Ao lado de Trump, Putin, Kim Jong-un e Jair Messias Bolsonaro.
Candidaturas alternativas não ficam apenas no folclore político, somados aos votos anulados.
Deixam marcas que podem mudar a sociedade, percorrendo outras veredas.
Ralph Nader foi candidato quatro vezes, a última em 2008, sem nunca ter qualquer chance de vitória.
Advogado e ativista, enfrentou as grandes corporações e introduziu a defesa do consumidor como direito individual do americano médio.
Formado em Harvard e Princeton, de enorme sucesso pessoal, promoveu a discussão de outros temas como o feminismo, o humanismo e a ecologia.
Nos anos 60.
Depois que escreveu o livro-denúncia Inseguro a qualquer velocidade, as carroças e a indústria automobilística de Detroit não foram mais as mesmas.
Na sua conta também são creditados, o estímulo e exemplo para criação das ONGs que atuam na defesa dos interesses públicos negligenciados pelos governos constitucionais.
Aos 86 anos, Nader continua ativo e influente.
Sua contribuição para a disputadíssima eleição deste ano veio na co-autoria de mais um livro.
Destruindo a América.
No best-seller, ele expõe como a violação da lei e as mentiras de Trump estão criando o “Fascismo 2.0”.
É sempre bom prestar atenção ao que os nanicos andam pensando.
A Democracia americana pode ser definida pela frase do professor Juarez Pontes: “A lei é igual para todos, mas para alguns é muito mais igual.”