28 de abril de 2024
Opinião

Eleição sem partido fica por conta das nominatas

Cassiano Arruda Câmara – Tribuna do Norte – 14/09/22

Numa campanha política caracterizada pela falta de partidos (substituídos pelas chamadas nominatas), ainda faltam três semanas para essa história poder ser contada.

Hoje, qualquer antecipação corre o risco de ser desmentida pelos fatos, logo ali, quando o resultado das urnas for conhecido, dia 2 de Outubro (depois da urna eletrônica a resultância é conhecida no mesmo dia do pleito). Mas já existem muito fatos (e boatos) em quantidade suficiente para ocupar muitas páginas de um livro que não sei ainda se será escrito, porque depois do resultado pode ser possível encontrar as respostas para a formação do quadro completo.

Um quadro que ainda está sendo elaborado, inclusive no dia de hoje, quando se espera haja um fato importante para uma das três candidaturas que estão de fato na disputa do Governo, e fora da questão eleitoral, está cheia de pequenos grandes episódios que devem merecer um lugar na história do Governo do RN que será eleito para o quadriênio 2003/2007.

O governador e o vice-governador eleitos agora em outubro exercerão um mandato alguns dias mais longo. Isso ocorre devido a Emenda Constitucional n° 111, estipulando que o mandato dos governadores dos Estados e do Distrito Federal deverá ser iniciado em 06 de janeiro após a eleição. Entretanto, os candidatos eleitos nesta eleição assumem dia 1º de janeiro de 2023 e entregam o cargo no dia 06 de janeiro de 2027.

RN ON PARA O GOVERNO

Desde 1950, pelo menos, que no nosso Rio Grande do Norte, quando terminava uma eleição, os candidatos da próxima (mandato de 5 anos até 1974) já estavam na boca do povo.

Mesmo na época do Governo Militar, quando os governadores eram nomeados e homologados numa eleição indireta, eleito um Governador, os candidatos a sua sucessão já estavam postos,

Depois que o Brasil adotou a re-eleição no Executivo, com FHC na reabertura democrática, possibilitando o candidato a re-eleição e muitos outros. Exceto a governadora Rosalba Ciarlini (2014), que não foi candidata porque o seu partido, o PFL, lhe negou a legenda, optando por  apoiar o deputado Henrique Alves, que terminou perdendo a eleição para Robinson Faria.

Nos tempos das nominatas, o comportamento mudou. Com a Governadora mostrando uma falsa fragilidade, discutiu-se muito um candidato, mas a dita Oposição não conseguiu se fixar num nome, sobretudo quando foi desfeita a hipótese do lugar ser entregue a um dos dois Ministros de Estado; houve uma situação inusitada de um grupo – que teoricamente devia fazer oposição a Fatima – tentando inventar um candidato de última hora.

AS LIÇÕES DA PROFESSORA

Aparentemente fragilizada, Fátima Bezerra conseguiu, ao longo do seu mandatado (exercido com pouco brilho), um feito político, muito tentado, mas nunca conseguindo, por nenhum dos seus antecessores, nos últimos 77 anos, desde o governador José Varela. Gente do talento político de Silvyo Pedroza, Dinarte Mariz, Aluízio Alves, Cortez Pereira, José Agripino e Geraldo Melo.

Fatima não só conseguiu neutralizar a oposição, ainda, formou uma chapa colocando os nomes mais expressivos dessa oposição teórica para comporem a sua chapa. E está pedindo o voto para três representantes de uma das maiores oligarquias que dominaram a política potiguar por todos esses anos.

Oligarquia combatida pelo PT, e por Fátima, como um dos pontos principais de sua pregação política e colocado como uma questão de honra para ela e para o próprio Partido dos Trabalhadores. É preciso registrar que Lula, fundador e maior nome do PT, lhe deu apoio completo e sufocou muitos movimentos de protesto nas hostes petistas.

HOJE É O DIA

O dia de hoje pode ser importante na história da eleição. É a tentativa mais robusta de viabilizar Fábio Dantas, como “O Candidato da Oposição a Fátima”, a quem ele havia procurado tentando marchar ao seu lado. Hoje, o Presidente da República, em campanha pela re-eleição, visitará Natal para  assegurar um lugar para Fábio no seu palanque e o selo de “candidato do bolsonarismo”.

Além disso, o Prefeito de Natal, Álvaro Dias, que foi um óbice para Fábio deslanchar, deverá apoiá-lo. Em política – o pior inimigo é o último – e o último de Álvaro é o Vice de Fátima, Presidente do MDB que não está cumprindo o acertado com Adjuto, filho do Prefeito, candidato a Deputado Estadual pelo MDB, partido presidido por Walter Alves.

Depois do apoio de Alyson Bezerra, Prefeito de Mossoró, o apoio de Álvaro Dias pode dar a Fabio as condições de recompor as forças que imaginou ter, quando a candidatura ao Governo lhe caiu no colo.

FORÇAS DISPERSAS

Mesmo com Fátima tendo ido muito além do esperado pela oposição teórica, o apoio dos Prefeitos dos maiores eleitorados do Estado e a possibilidade dos eleitores de Bolsonaro, que foram por gravidade para o capitão Styvenson Valetim, ainda possam migrar para votar nele, o sonho do segundo turno renasce.

Certamente que o prazo para grandes mudanças é exíguo, mas o quadro político está modificado e para ganhar a cara de um candidato de Oposição, Fábio Dantas inclusive conta também com o ex-governador José Agripino.

Na verdade ainda temos três semanas para saber se a Oposição com um candidato pode levar a eleição para ser decidida num segundo turno, aliás, como aconteceu há quatro anos e o adversário de Fátima era o seu atual candidato ao Senado, Carlos Eduardo.

.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *