3 de maio de 2024
Política

FAÇAM SUAS APOSTAS

 

48E6A4C9-85C3-4F03-AEAE-79D189FF933F
O ainda mais importante ministro brasileiro é homem não afeito às tradições nordestinas.

Pouco circulou na região nestes quase dois anos de governo.  Só este fato para explicar que não tenha tido a ideia de um novo imposto.

Se cobrado, atingiria somente os mais aquinhoados e as reservas financeiras que se encontram fora de circulação na economia formal.

Tradição que resiste às pesquisas de intenções de votos, as apostas eleitorais atingiram inéditos índices nestas disputas municipais.

Mais um fenômeno atribuído à pandemia. E ao volume de dinheiro circulante do auxílio emergencial que se somou ao do bolsa-família.

Na reta final da campanha,  estão em ebulição, estribadas na palavra dada e nas testemunhas que são muitas.

As de grandes valores ganham fama e correm léguas. Aos incrédulos, são mostrados filminhos com pilhas de dinheiro e os desafios aceitos com declarações de coragem e confiança.

Valem vantagem e usura.

Quem se habilita?

O feeling do comportamento do eleitorado pode ser transformado em renda extra e motivo para comemorações mais efusivas.

Depois da aposta casada, qualquer força para turbinar o desempenho do candidato ajuda a espantar o azar.

Não dá pra deixar de participar das movimentações, tão importantes para conquistar os indecisos e quem sabe, virar alguns. Dos que nunca querem perder o voto.

Leandro, trabalhador rural, ajudando na lida do gado a 40 reais a diária, sempre gostou de política. Na cidadezinha onde vota, conhece todo mundo.

A simpatia pelo candidato, rapaz novo, filho de antigo benfeitor da comunidade, combinada à cor do partido de preferência, transforma-se  em paixão.

A teima dos amigos com outras predileções, depois de todos os argumentos e discussões, só pode terminar no convite irrecusável.

Topa?

Desta vez, a certeza é tanta que arriscaria tudo de mais valioso das posses, os frutos do suor e da vida regrada.

Menos a moto, presente do pai.

O cavalo pampa estava às ordens.

Baixeiro, companheiro da lida desde que comprou ainda poltro e levou meses para amansar, com arreios e sela, por égua já passada no tempo.

É pegar e não largar.

Parada pra se resolver em poucos dias, com o prêmio a ser recebido a tempo de participar da passeata da vitória.

Era o acerto.

Antes,  para não perder a eleição, não se pode perder os comícios que viram festas nos fins de semana, no carnaval que neste ano de medo de pegar doença perigosa e isolamento, dura mês e meio e parece mais animado que nunca.

Para a patroa ficar em casa cuidando do bruguelo não precisa de muito convencimento.

Ouvir tantos discursos e aplaudí-los com entusiasmo é parte do jogo onde botou todas as fichas.

A bebida farta e por conta,  capaz de esconder a timidez e soltar a empolgação, prenúncio que o patrimônio iria dobrar em poucos dias, também apronta das suas.

Da volta pra casa, passadas das altas horas, poucas  lembranças.

No corredor do hospital a 110 kms de distância, enquanto espera passar pelo raio X que  prometido de 4 em 4 anos,  nunca chegou naquele meio do seu mundo, lamenta o azar de ter caído no buraco da estrada que o prefeito que tenta a reeleição, não teve tempo ainda  de tapar.

Inabalável, a fé em Deus que a alta  seja dada com tempo de sacramentar o voto.

E receber a aposta que continua vogando.

2A36C721-1E24-4FB7-A1FA-FED6BF8D3F5D

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *