27 de abril de 2024
Coronavírus

FAZENDO PLANOS


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Há um minuto, éramos 217.293.441 epidemiologistas.

Todos experts em  ascensão e achatamento de curva de contaminação pelo novo coronavírus.

Há um raro consenso.  Se subiu, vai ter que cair.

Como tudo que se joga pro ar, menos os foguetes que ultrapassam a atmosfera e entram em outras órbitas.

Aos trancos, mandettas, treichs, barrancos e apesar d’ele não, foi conseguido um certo isolamento social.

Temos de reconhecer isso como positivo num país com tanta gente que acha que a terra é plana e que a viagem de Armstrong não passou de fraude dos estúdios de Hollywood.

Como os governos decidiram adotar a tática de cercar o bicho do primeiro ao quinto, se os números finais forem positivos, aquém do aterrorizado, pedirão os louros e méritos. No balanço negativo, a culpa será da população que não seguiu as orientações.

O jogo ainda não terminou mas já se sabe que os países que estão se saindo melhores são aqueles que tinham sistemas de saúde bem estruturados.

Neste ponto, até a exceção foge à regra. Nos Estados Unidos o maior percentual dos casos fatais é nas populações de negros, hispânicos e imigrantes ilegais. Não por questão de raça. Ou porque são pobres. Também. O que faz a diferença é a qualidade dos hospitais a que eles têm acesso.

Não é preciso recorrer  às manchetes dos jornais dos últimos trinta anos para lembrar que nossos leitos para pacientes críticos sempre estiveram em saturação.                                

Fila de UTI só é novidade na forma como está sendo divulgada. Antes, notícia negada, denúncia e ação judicial. Hoje,  confissão, mea culpa, lives  e promessa de mais. Na semana que vem. Mais 10.

Horizontais e verticais sabem que não temos estrutura nem cultura para um confinamento comme il faut.

Nestas alturas, na cumeeira, além de marketing  é tempo de planejar como será o retorno à normalidade.

De onde conseguimos chegar para trás. De nada adianta restringir mais, para logo depois ter de recuar.

Exemplo de  enfrentamento da pandemia, população de 5 milhões de habitantes, isolamento insular, assistência médica do melhor padrão, a Nova Zelândia começa um longo processo de volta ao que era antes das medidas restritivas.

Com 21 mortes contadas, instituiu as bolhas de isolamento. Cada um pode ter relacionamento pessoal com até nove pessoas, incluídas as que moram na mesma casa. Nenhum componente do grupo pode interagir com ninguém mais.

Até que chegue a vacina, será que perseveram?

Por favor, não macaqueemos os kivis.

Este modelo não merece nem ser analisado. Nós nunca estivemos nem estaremos em confinamento. Lockdown é só mais uma palavra pedante, para as autoridades mostrarem serviço e penalizarem os de sempre, carentes de tudo.

O tempo que tínhamos a ganhar, acabou.

Foi este o achatamento que conseguimos.

Faltaram testes e perdemos a conta.  Só dá pra comparar os números dos que se foram para sempre.

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“Aonde esta imagem aportar, nenhuma desgraça acontecerá.”

Neste campeonato imaginário e indesejável, nossa taxa  é dez vezes menor que a da Suíça.

Com um pouco mais da metade da nossa população, a Eslovênia tem 85% do número que contamos.

Como testaram amplamente, puderam detectar o arrefecimento da contaminação e já se declararam fora da pandemia.

O retorno deles está sendo gradual, segundo um plano traçado. Em estágios.

Graças às fábricas e aos hubs que ganharam de nós, nossa tragédia é cinco vezes menor que a dos vizinhos Ceará e Pernambuco.

Companheirismo, amizades e consórcios à parte, é hora de entendermos o nosso problema.

Tomar nossas decisões.

Querem um bom começo?

Toquem a obra de Oiticica.

One thought on “FAZENDO PLANOS

  • Geraldo Batista de Araújo

    Texto perfeito. Nota cem.

    Resposta

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