EX-AMIGO SEM FILTRO
Qualquer vacilo, crase omissa ou mal colocada, era motivo de gozação.
Estóico, educado e culto, aguentou firme.
Não se desculpou, nem reclamou. Andou para os críticos raivosos.
A rejeição à forma como conduziu a pasta, em perfeita sintonia com a orientação pedagógica do capitão-e-chefe, não permitiu que os deslizes linguísticos fossem atribuídos ao estresse.
Ou à falta de tempo, entre tantos afazeres.
Não há registros de alguém que tenha antes, observado que os erros gramaticais do ex-ministro Abraham Weintraub eram propositais.
O óbvio foi comprovado e texticularizado, com repercussão restrita, aos poucos fiés leitores das madrugadas, neste Território Livre.
Ninguém havia se dado conta que ao errar, de propósito a grafia dos vocábulos, o ironizado ex-titular da Educassão conseguia tanta visibilidade que não restavam dúvidas da forma escorreita de escrever.
Quem, além de grevistas recalcitrantes, ainda insiste em escrever paralisação com z e suspensão com ç?
Se quem corrige um erro, acerta duas vezes; quem deixa rolar, acerta três.
Vazado do cargo depois de adjetivações desmedidas e insolentes à mais alta corte judicial, de dedo em riste, em inesquecível reunião ministerial, cumpriu penoso exílio em Washington, como diretor de coisa nenhuma do Banco Mundial.
Quis voltar como o novo líder da direita.
Tentou a unção pelo ex-chefe para a candidatura ao governo de São Paulo, mas acabou candidato a deputado federal.
Recebeu pouco mais de 4 mil votos.
A estratégia de fazer dobradinha com um irmão, concorrendo ao mesmo cargo, não deu certo.
Talvez, pelo eleitorado não ter entendido a opção partidária do barbudo pelo Partido da Mulher Brasileira.
Com residência permanente nos Estados Unidos conferida pelo green card, sua luta continua no canal do YouTube, Weintraub Sem Filtro, com postagens de mais de duas horas de duração, e no Twitter, onde faz críticas ferozes ao ex-chefe e opina da geopolítica mundial às estéticas da ministra Marina Silva e do governador Tarcísio de Freitas.