GOLPISTAS NO PASARÁN
Está aberta a temporada de golpes.
Não é porque um tanque está queimando óleo 64 que não vão continuar tentando.
Vai que um dia dá certo.
Ninguém está livre de ser iludido na boa-fé.
O alerta é antigo mas quem faz disso profissão, sempre está em permanente atualização.
O dom para o ofício dispensa treinamentos, operações, cursos superiores e registro no conselho profissional.
Área livre de desemprego, não requer maiores investimentos.
Nem a boa aparência dos especialistas nos golpes de vigários e bilhetes premiados, com o trabalho remoto, é mais necessária. Tudo é feito em home office.
Bastam, boa lábia, criatividade, um smartphone na mão e uma maléfica ideia na cabeça.
O resto, é com a vítima.
Se antes era a ganância do olho grande, depois da pandemia, o que movimenta estes negócios é a generosidade .
Desprendimento, vontade de ser útil, servir e ajudar.
Na moda, a comunicação aos amigos ou parentes, do novo número do telemóvel, como se a regra da portabilidade não mais valesse.
No falso perfil, o pedido de empréstimo relâmpago com promessa de quitação na abertura do expediente, em tempos de bancos digitais, ainda é atendido por muitos.
Exceção dos que nunca foram tratados por paiiinho, nem lembram de mensagens filiais terminadas em coraçõezinhos pulsantes.
Vez por outra, a porção samaritana é provocada por algum nunca apresentado parente distante, morando mais longe ainda, passando o boné na coleta de recursos para custeios de tratamentos médicos.
E a força do argumento da compatibilidade sanguínea, acompanhada de fotos dos enfermos, pré-moribundos, em camas de hospital.
Pilhas de laudos de exames, comoventes até para quem não abre a mão nem para os cumprimentos distanciados, recomendados pelas autoridades sanitárias, anunciam a chave do pix.
Com as fontes do WhattsApp exauridas por fadiga de uso, os trambiqueiros ressuscitaram uma modalidade que há muita estava arquivada, fora de catálogo e repertório.
Quem não quer receber uma grana esquecida nos cofres do perdulário governo?
E recusaria pagar à Confederação Nacional de Aposentados e Pensionistas, 10%, em custas processuais?
O brasão da república, o palavreado previdenciário e a assinatura da advogada paulista, só não garantem verdadeira, a sorte grande em boa hora, graças à CPI da Cloroquina que continua preenchendo as tardes dos aposentados.
Os vigilantes senadores, talibãs da moralidade, têm desmascarado tantos vivaldinos que fica impossível não desconfiar de tudo e todos.
Respiradores à parte, foi-se o tempo dos negócios da Índia.
Ninguém vai mais encomendar 400 milhões de doses de vacina a um cabo de polícia, nem ficar com os benefícios dos velhinhos.
Basta a garfada de Paulo Guedes na reforma da previdência.