GUERRA A DOIS
Em Paris, Roma, Moscou, Budapeste, ou Honolulu, o ex capitão-presidente fazia tudo sempre igual.
Há um ano, no caminho para a República Magiar, fez diferente.
Um pitstop na Praça Vermelha para assuntar os rumores de uma inacreditável guerra como as de conquistas de antigamente?
Custava nada evitar a terceira guerra mundial?
Sem nenhum sacrifício, despido de preconceitos ideológicos, esqueceu o anticomunismo aprendido nas aulas de moral & cívica dos colégios militares e transmitido aos garotos numerados, para tascar um não solicitado apoio aos discípulos de Lênin, logo estranhado pelos vizinhos do norte.
O passeio pelas margens plácidas do Danúbio deixou frustrados, o Chanceler Ernesto, não convidado para o rolé, e todos que imaginavam um novo eixo, entre párias.
Jornalistas experientes em viagens presidenciais, por falta de convite ou grana para ressarcir as despesas no força aérea um, ficaram devendo imagens e relatos fora da trilha batida, das homenagens aos mausoléus de heróis e as cenas mudas que antecedem os encontros de mandatários.
Cobertura tão pífia, fez o sempre atarefado Senador Randolph Frederich recorrer ao STF para descobrir o que danado foi o Bozo fazer tão longe, se o frio do fim do inverno não permite nem uma motociata, pelas tundras siberianas.
A obsessiva procura brasileira por um assento no cenário internacional como protagonista, tem uma segunda chance com a mudança de timoneiro do velho barco que continua à deriva nestes mares tormentosos do sul da América.
Pelo tamanho das esmolas que os ricos jogaram no chapéu de pedinte para a salvação das últimas florestas e seus povos originários, nada vai mudar.
A não ser que desta vez, a estratégia de conduzir a política internacional com a tática das conversas de calçada de pé-sujo e botequim bunda-de-fora, dê certo:
– Quando um não quer, dois não brigam.
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(Partes do texto e ilustrações foram publicadas uma semana antes da invasão russa à Ucrânia, em 24/02/2022)