INVENCÍVEIS LEMBRANÇAS
Todo candidato é antes de tudo, um otimista. Como as noivas são por natureza.
Era assim que via sua tropa, o comandante Ullysses Guimarães.
Às vésperas dos promissores anos 70, um casamento foi desfeito na porta da igreja.
Por falta de dois punhados de votos.
O nubente, oficial da mais alta patente, já havia experimentado o sabor de outra decepção na frieza do cárcere da Redinha velha de guerra.
Estórias que os amigos não deixam de relembrar.
(Publicação original em 12/08/2019)
REVISITANDO O MARECHAL EM SEU LABIRINTOPersonagem tão exuberante não caberia nunca em dois minutos de prosa.
E em um só post.
Disso, estava exausto de saber.
O risco não calculado, ensejou um retorno ao universo do Marechal Porpa.
Confesso que as omissões e erros não foram propositais.
Um amigo lembrou sua meteórica carreira política e pediu bis.
Então, vamos encantar o cliente.
Com toda a corda do seu líder e guru, Aluízio Alves e apoio do Dr. Hélio Galvão, lançou-se de alma aberta, na disputa pela prefeitura de Tibau do Sul.
No alforje do candidato, as táticas de marketing que havia ajudado a implantar com êxito em cidades do agreste e vale do Assu.
Foi precursor de outsider, no tempo em que a Pipa nem sonhava com a fama internacional.
Idos de 69. Enquanto Cohn-Bendit incendiava Paris, na guerra que se travava na Gamboa de Guaraíras, nosso intrépido combatente defendia, sob o mesmo manto protetor da revolução democrática, as cores verdes da Arena. Contra os vermelhos do mesmo partido.
E só por muito pouco, não chegou lá.
Na apuração dos votos, sua imensa torcida foi engrossada pelas organizadas de Nova Cruz e Passa e Fica que vieram amenizar as derrotas dos tios oligarcas, com o insosso sabor de uma vitória à beira-mar. Tida como sólida e certa.
A cada urna apurada, uma explosão de alegria, pulos, abraços e vivas.
E foguetões.Com a vitória praticamente assegurada, era hora da charanga e da ala-moça entoarem todos os hinos e paródias que levaram àquele momento sublime.
E tempo de preparar a humilhante (para os adversários) carreata.
Na última urna, de um distrito onde o grupo de apoiadores nunca deixara de ganhar, o Inacreditável Futebol Clube mudou a história do jogo.
No último minuto da prorrogação, com um gol de mão, em impedimento, o desempate e a improvável, inexplicável, inaceitável e sobrenatural virada.
E agora, por conta de um punhado de duas dúzias de votos, sou obrigado a fazer a primeira correção.
Derrotado pelo voto livre dos tibauenses do sul, o Marechal não pode ser considerado invicto.
Outro atento leitor contesta também a invencibilidade de quem passou incólume pelos anos de arbítrio, sem ter conhecido os porões da ditadura.
Por mais merecimento que julgava ter.
Depois de penosa travessia do Potengi em barco à vela, mais uma prosaica e mundana Festa dos Navegantes.
Um fuzuê e a pronta ação do anspeçada, comandante-em-chefe do destacamento da Redinha, tiraram o guerreiro (na fase pré-abstêmica) de combate.
O oficial de mais alta patente que já pôs os pés na sonífera ilha, dividiu por uma noite, o cárcere com outros fiés de Nossa Senhora de Iemanjá.
Arruaceiros e bebuns.
Resgatado, depois do raiar do sol, pelos companheiros de farra que sabiam com quem estavam falando, não teve o deslize anotado no seu estrelado prontuário militar.
Invicto, continua para os que privam da sua amizade e fiel solidariedade.