2 de maio de 2024
Coronavírus

JUÍZO SEM VALOR

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Decisão de impedir que escolas distribuam alimentos aos alunos é inacreditável. Não cabe no roteiro desta série de terror e medo em que cada um é protagonista.

A liminar concedida por juiz às solicitações do Ministério Público e Defensoria do Rio de Janeiro não pode ter amparo legal.

Pelo menos das leis humanitárias.

Não deve existir legislação tão malvada que proíba crianças de serem amparadas.

Nem convencimento que matar a fome aumente riscos para a saúde pública.

A falta de comida é doença. Privada. Silenciosa. Solitária.

Merenda é a forma menos cruel como chamamos a única refeição que muitos pais conseguem dar aos filhos, o dia todo.

A fonte que sacia a sede de saber deve ser também o córrego de águas límpidas a mostrar que há vida digna, depois de ultrapassadas as valas e os esgotos das desigualdades.

Os doutos legisladores esqueceram de revogar as disposições em contrário.

A proibição de saídas às ruas e avenidas não abrangem as ruelas e becos das comunidades.

O isolamento protetor é norma negligenciada compulsoriamente por quem  não tem  espaços a distanciar.

Que sejam atenuantes  para descontar da pena perpétua, as agruras  vividas.

O deslocamento dos pais até as escolas não trará mais riscos  que a peregrinação pelas vizinhanças e esquinas em busca das migalhas de quem compartilha ou desperdiça.

O equivalente em dinheiro para suprimento da necessidade pode não ser a melhor ideia. Muitas vezes, comida de menino, vira pó. Ou fumaça.

 

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Se os rigores dos decretos governamentais não permitirem, pelo menos que se equiparem as escolas aos supermercados.

A mesma permissão para quem compra tudo que quiser, deve ser dada a quem recebe um pouco do que precisa.

Se as medidas sanitárias aplicáveis não incluem a nutrição de crianças e jovens, que sejam ampliadas. Ou jogadas no lixo.

Pouco custa lembrar que faxineiras, biscateiros e flanelinhas estão com seus contratos de trabalho suspensos. Sem emprego, renda nem esperança.

Muito custará o esquecimento que o exército de arruaceiros e saqueadores está recrutando jovens e desesperançosos para lutarem por qualquer causa.

O essencial é invisível aos olhos dos abastados.

Os que  não têm documentos nem cidadania, nunca tiveram lenço para enxugar as lágrimas engolidas.

Choremos por eles.

One thought on “JUÍZO SEM VALOR

  • Maria Dalva Araujo

    Parabéns Domício!
    Você consegue ser claro e objetivo, além de ter bom poder se síntese.
    Excelente o que enfocou hoje.

    Resposta

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