3 de maio de 2024
Cultura

LÍNGUA DE GALEGO

Mascate de Óleo (1640) – Antonio de Puga – Museu Goya, Castres, França


Para o turista que havia programado a visita ao
Guggenheim Bilbao apenas pela arquitetura de Frank Gehry, não poderia haver surpresa maior.

Um enorme cartaz anunciando entre várias exposições simultâneas, a retrospectiva Yoko Ono, Half-a-Wind Show.

No burburinho do hall de entrada, a Babel podia ser medida pela variedade de folhetos informativos, guias para ninguém se perder nos labirintos nem deixar de entender o que os artistas apresentavam.

A excitação da descoberta inesperada e a pressa, só acalmadas no terceiro salão, provocaram o pequeno equívoco.

O guia recolhido no escaninho era cheio de erros gráficos. Mas dava pro gasto. Mais fácil de entender que o espanhol e mais preguiçoso que em inglês.

Num intervalo para respirar na longa viagem que havia começado  em Tóquio em 1933 e ainda teria muitas paradas pela frente, até depois do Dakota, a segunda grande descoberta.

Aquelas informações perfeitamente entendidas eram em galego.

O idioma espremido entre o castelhano e o português,  sufocado e proibido pela ditadura de Franco, à semelhança do catalão, resiste.

Com as mesmas normas ortográficas,  é conhecido como o português da Galiza ou o codialecto galego do português.

Com uma leve diferença no alfabeto.
As ausências das letras J e Ç (permitida nos estrangeirismo junto com as exóticas K, W e Y) e substituída pelo X e Z.

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O reintegralismo galego está ameaçado pelo desinteresse dos jovens em falar a língua regional.

Xa são minoria, na população de menos de 40 anos, as pessoas cujos pais e mães falaram só ou majoritariamente em galego. Apenas 30% dos menores de 15 anos.

O parlamento da região autônoma espanhola, há cinco anos, aprovou lei que obriga o governo da Galícia a incorporar progressivamente a aprendizagem do português em todos os níveis de ensino, a reconhecer o seu domínio como um mérito especial para acesso à função pública e a tomar medidas para  a recepção em território galego das televisões e rádios portuguesas.

Velho ensinando menino a ler (1640) – Antonio de Puga – Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia

Antonio de Puga (1602/1648) foi o primeiro artista notável da Galícia, no barroco espanhol.


Assista o vídeo de 2 minutos: 

O noso idioma, o galego

(Texto original publicado em 15/10/2019)

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