MÃES

A tristeza dividida com amigos e familiares que não terão mais as festas tantas vezes repetidas, não impede a celebração.

Lúcida, produtiva, exemplar.

Silenciosa.

(Publicação original em 30/09/2019)

DUAS

Felizes os que têm duas.

E delas recebem atenção, carinho e tudo que ninguém mais sabe dar igual.

Professoras da  escola da vida a ensinar pela mesma velha cartilha castigada pelo tempo.

E pelo antigo método dos espelhos e exemplos.

Oráculos das respostas mais sábias.

Faróis que alertam para os perigos da jornada.

Dois portos seguros, refúgios livres de tormentas.

Duas advogadas, no mais puro direito, intercedendo em preces nas instâncias superiores.

Conciliadoras dos conflitos mais antagonistas.

Cuidadoras dos novos frutos dos amores perpetuados.

Quatro mãos curando com o poder do afago.

Carpideiras que nunca deixam o choro solitário.

E quando a primeira parte, a presença da outra a dizer, silenciosamente, o conforto que precisava ser ouvido.

-Estou aqui.

Semelhanças só agora percebidas.

Nascidas nos tempos das vacas que ainda iriam engordar.

Acostumadas ao trabalho desde cedo.

Formadas para formar famílias.

Parceiras e cúmplices.

Independentes.Destemidas. Ousadas. Inovadoras.

Hospedeiras dos amigos e dos amigos dos amigos.

De mesas sempre fartas.

Generosidade que incomoda os que gostam de juntar.

Duas mestras nas quatro operações de incontáveis resultantes.

Somar amigos.

Diminuir desigualdades.

Multiplicar oportunidades

Dividir com quem tem menos.

Vidas paralelas ao encontro no infinito.

Na saudade de Joanita, a alegria pelos 90 anos de Margarida.