MARCA DE VACINA
Quando faleceu há 55 anos, aos 45 de idade, os amigos do jornalista Sérgio Porto, nas declarações de praxe, próprias dos velórios dos famosos, vaticinaram que ele e seu alter ego fariam muita falta.
Stanislaw Ponte Preta, seus personagens, familiares da Tia Zulmira, o primo Altamirando e outros tipos populares que habitaram suas crônicas, estiveram mais vivos que nunca, durante a pandemia.
A matéria prima abundou, neo-cientistas pulularam e as besteiras assolam o país das piadas tragicômicas prontas.
Somente para uma autoridade, seria necessário um festival inteiro.
Para caber tudo que ela disse, todas as manhãs, em frente ao seu palácio.
Entendia de tudo. Menos de Economia, parecendo até alguém reprovado no curso de dois meses, concluído brilhantemente pelo ministro Haddad.
De médico, teve muito mais que um pouco.
Prescreveu antimalárico até para as emas do Alvorada.
Suas performances e fama foram longe.
Ao ponto de uma revista científica de prestígio e da maior credibilidade, ameaçá-lo mais do que a CPI da Cloroquina e da trinca Aziz, Renan e Randolph.
Pensavam os ingleses da Lancet que atestado de insanidade mental do NHS era aceito no SUS, sem Revalida?
Aos primeiros espirros, a grande mídia de Pindorama cobrou à exaustão, do então capitão-presidente, os resultados dos exames.
Se tivesse dado positivo para a gripezinha, teriam questionado por que insistia em não morrer, como desejou ardentemente o articulista da Folha, “um jornal a serviço do Brasil?”
Mesmo com o fim da pandemia pela OMS, com um ano de atraso do decreto do ex-ministro Queiroga, as carteirinhas de vacina ainda geram polêmica e até prisão de militar de alta patente.
Que não esqueçam, na próxima pandemia de distribuir também atestados para os não vacinados.
E quem for pego sem o documento, que tenha o número (ou uma estrela de seis pontas) tatuado no antebraço esquerdo.