9 de maio de 2024
Nota

Milícia que incendiou Rio começou com ex-policiais e teve deputado e vereador como membros

Em meio a uma crise interna, a maior milícia do Rio deu uma demonstração de força e parou a capital do estado em represália à morte de um dos integrantes de sua cúpula.

Após Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ser morto a tiros pela polícia, seus comparsas incendiaram 35 ônibus e um trem e impactaram o transporte público em uma dezena de bairros da Zona Oeste.

NEM SEMPRE FOI ASSIM

 O grupo foi criado na virada dos anos 2000 por policiais que moravam em Campo Grande e batizada como Liga da Justiça.

Na época, os irmãos Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e Natalino José Guimarães, inspetores da Polícia Civil e lideranças comunitárias locais, juntaram outros policiais que viviam na região — como o então PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman — e passaram a controlar o transporte alternativo e cobrar taxas da população a pretexto de enfrentar traficantes e ladrões.

Jerominho e Natalino

VEREADOR E DEPUTADO 

Na época em que chefiavam a milícia, Jerominho e Natalino chegaram a ser eleitos: o primeiro foi vereador; o segundo, deputado estadual.

Entre 2007 e 2008, com a mudança de rota no enfrentamento aos grupos paramilitares gerada pela CPI das Milícias, da Assembleia Legislativa do Rio, a dupla acabou presa — e o comando do grupo passou para as mãos de uma série de PMs, que se sucederam na chefia.

A quadrilha responsável pelos ataques de ontem atua no estado há mais de duas décadas e passa por uma guerra interna.

Desde a morte de seu ex-chefe, Wellington da Silva Braga, o Ecko — outro tio de Faustão —, também morto pela polícia em 2021, a milícia passa por um momento de fragmentação e ainda assiste a uma ofensiva da maior facção do tráfico do Rio — que tenta retomar territórios perdidos nos últimos anos.

Entre 2008 e 2014, comandaram o grupo os policiais militares — que acabaram expulsos da corporação — Ricardo da Cruz, Toni Ângelo Souza de Aguiar e Marcos José de Lima Gomes, o Gão, um após o outro, sempre após a prisão do antecessor.

O perfil da organização criminosa mudaria a partir da prisão de Gão, em 2014. Com todos os policiais do topo da hierarquia na cadeia, não havia substituto natural. Abriu-se, assim, uma guerra pelo controle do bando — que acabaria transformando a milícia do Rio, que passou a ter traficantes de droga no comando.

Fonte: O Globo 

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