1 de maio de 2024
Direto de Brasília

Ministro Barroso dá aula de Democracia: “A incivilidade é uma derrota do espírito”

 

Com informações do Migalhas 

Discurso duro do presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso, na manhã desta quinta-feira, 9 , para responder às provocações do presidente Jair Bolsonaro no feriado de 7 de setembro.

 Disse  que falta  de compostura do presidente  nos envergonha perante o mundo, e que a marca Brasil sofre, neste momento, desvalorização global:

“A incivilidade é uma derrota do espírito.”

Com o didatismo de sempre, o ministro deu uma aula sobre democracia.

Falou sobre as provações pelas quais as democracias contemporâneas têm passado e que vivem um momento delicado em várias partes do mundo.

Explicou, também, como esse movimento de erosão acontece: não pelas armas dos generais ou golpes de estado, mas pela condução de líderes políticos eleitos pelo voto popular mas que, em seguida, desconstroem os pilares que sustentam a democracia.

Para o ministro, há três fenômenos em curso: o populismo, o extremismo e o autoritarismo.

“O populismo tem lugar quando líderes carismáticos manipulam as necessidades e medos da população.

As estratégias mais conhecidas praticadas no mundo são: i) uso das redes sociais, estabelecendo comunicação direta com as massas para inflamá-las; ii) desvalorização ou cooptação das instituições de mediação da vontade popular, como o legislativo, a imprensa e as entidades da sociedade civil; e iii) o ataque às Supremas Cortes ou Cortes constitucionais, que têm o papel de, em nome da Constituição, limitar e controlar o Poder.

Em segundo lugar vem o extremismo, que se manifesta pela intolerância, agressividade, e ataque às instituições e às pessoas. É a não aceitação do outro.

O esforço para desqualificar ou destruir aqueles que pensam de maneira diferente.

Cultiva-se o conflito do “nós contra eles”.

O extremismo tem se valido de campanhas de ódio, de campanhas de desinformação, meias verdades e teorias conspiratórias que visam enfraquecer a democracia.”

Quanto ao autoritarismo, o ministro lembrou o período ditatorial enfrentado no Brasil, e que uma de suas características é deslegitimar o processo eleitoral.

“Eu vivi a ditadura, ninguém me contou. E vejo com tristeza muitas vezes pessoas que sentem que perderam a fé no futuro e têm saudades de um tempo bom que não houve. Ditaduras vêm com intolerância, violência e perseguições. Uma das estratégias do autoritarismo é criar um ambiente de mentiras, no qual as pessoas já não divergem apenas sore suas opiniões, como é próprio da democracia. Divergem quanto aos próprios fatos. E uma das manifestações do autoritarismo pelo mundo afora é a tentativa de desacreditar o processo eleitoral e as instituições eleitorais para, em caso de derrota, poder alegar fraude e deslegitimar o vencedor.”
E lembrou que as falas de Bolsonaro quando colocou em xeque a Justiça Eleitoral:
“O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: ‘Conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará'”.
A vergonha para o mundo ver que não se limita à desvalorização da moeda e crise econômica:
“Insulto não é argumento. Ofensa não é coragem. A incivilidade é uma derrota do espírito. A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. A marca Brasil sofre nesse momento – triste dizer isso – uma desvalorização global. Não é só o Real que está desvalorizando. Somos vítimas de chacota e de desprezo mundial. Um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que a alta do dólar, do que a queda da bolsa, do que o desmatamento da Amazonia, do que o número de mortos pela pandemia, do que a fuga de cérebros e de investimentos.

One thought on “Ministro Barroso dá aula de Democracia: “A incivilidade é uma derrota do espírito”

  • Pode até ser que esteja comentando de novo. Louváveis os comentários do Ministro Luís Roberto Barroso que precisamos escutar em momentos de tantas palavras de insensatez de atores políticos. Bravo Ministro. É só isto ou precisa mais?

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