MITOS ÀS METADES
Antes de resolverem os imensos problemas que afloram no turbilhão da pandemia, os políticos brasileiros fazem da catástrofe sanitária, panaceia para curar males crônicos da sociedade e manter suas carreiras bem sucedidas.
Na aritmética da reeleição, dividir vem antes de somar.
São todos protegidos pelo anjo pornográfico Nelson Rodrigues e poucos, os conterrâneos de Otto Lara Resende.
Nem burros para serem unânimes, nem tão mineiros em solidariedade na doença pior que câncer.
A Comissão Parlamentar de Inquérito que hipnotiza a nação, é o retrato em 3X4, sem photoshop, do que acontece nos outros setores.
Não é bastante a divisão cada vez mais profunda.
É preciso rotular e carimbar nas faces, nos exíguos espaços que sobram, escondidos pelas máscaras protetoras, pinturas de guerra.
Tudo tem que ser enquadrado em duas e só duas fôrmas.
Avessas, reversas, adversas, contrárias.
Ninguém é favorável a coisa alguma.
Depois de quatro anos de solitária introspecção, dedicado a observar de longe, sem poder interferir, os rumos da caravana que já ajudou a tanger, o ex-deputado Eduardo Cunha, em sua primeira entrevista depois da longa ducha curitibana, viu com olhos de menino, a nudez de nossa pobreza d’alma e de quadros dirigentes.
Se na última eleição, o contra venceu o a favor; na próxima, será contra contra contra.
O parlamento eleito na diversidade de opiniões, para estabelecer consensos e leis justas, na multiplicidade de partidos, não foge do antagonismo sectário.
Sem linhas divisórias, sem zona neutra, sem um centro (apesar dos aumentativos ilusórios), que sirvam de referência ou ponto de equilíbrio e partida para um destino menos sombrio.
Na floresta do planalto, anda solto um espírito do mal que atrai quem nela ingressa, oferecendo abrigo, conforto e proteção.
Na estalagem de dois cômodos, o cruel anfitrião escolhe onde o viajante vai dormir.
Nas camas de ferro, o hóspede tem de se encaixar em medidas exatas.
Dos grandes, cortam-se pés e cabeças.
Esticam-se os pequenos, até que se rompam.
Na mitologia grega, podemos encontrar exemplos e modelos.
O grande desafio é descobrir na multidão de iguais, quem vai empunhar as armas de Teseu.
Alguém que prenda os Procustos em seus leitos e os deixem acéfalos e inertes. Que os façam provar dos próprios venenos.
Alguém que encontre o caminha certo, uma terceira via, sabendo que mais à frente terá que enfrentar outros monstros.
São muitos os minotauros perdidos nos labirintos das mazelas nacionais.
O Leito de Procusto
Continua na mesma batida agradável de se ler logo que acordo e deixo a preguiça de lado. Tenha um bom dia com saúde e alegria de viver.
Parabéns Domício!
Sua leitura, do momento que vivemos, é perfeita.
São muitos os Minotauro e os labirintos.