NOSSAS EXCELÊNCIAS
Fiel ao emprego correto dos pronomes de tratamento, o rock dos Titãs identificou os condestáveis da república pelos detalhes das suas aparências.
Ministros, magistrados, deputados, vereadores senadores.
Todos com suas mangas, capas, golas, fundilhos, perucas.
Nos vocativos e xingamentos, outras características comuns causaram polêmica e censura. Incluindo a auto, em curso neste pedacinho de território livre que mantém-se proibido a bestas e aluados.
Inspirado no mensalão – corrupção escandalosa, anulada por ordem que veio de cima, sem ser celestial – o hino de guerra dos gigantes, é sempre atual.
Continuou no petrolão, na lava-jato, na lava-toga, escalando os céus dos poderosos.
E não deve cessar até destronar Júpiter e outros deuses do Olimpo.
Há quatro anos, lembra a hemeroteca, um meritíssimo de Araraquara exigiu tratamento mais cerimonioso de um colega de ofício.
Um aprendiz de cronista nas eiras da gamboa do Potengi , concluiu monocraticamente que o magistrado não devia conhecer da homonímia poty-guarany, adotada nesta nesga da Ilha de Vera Cruz, quase saindo mar a dentro.
De uso universal e democrático, na Nova Amsterdã tropical, o nobre pronome de tratamento não requer pedido, fidalguia, requerimento, ordem, cerimônia nem requifife.
É antigo o costume que nem as invasões holandesas, francesas e yankees conseguiram acabar.
Desde que o Torto mandou o primogênito Jerônimo, amansar as índias do estuário ao norte da sua capitania, a heráldica e a hierarquia têm sido muito bem respeitadas.
Terra de quem sabe homenagear as senhorias, reverendíssimas, eminências, magnificências, majestades, autarquias, onipotências, como não saber saudar adequadamente também os Exmos. Excelentíssimos?
Aqui todo e qualquer maracatu sempre foi tratado por Excelência.
Basta merecer.
Assista o videoclip:
https://youtube.com/watch?v=H_U_JNHEUrI&si=zYSQzQXMYaz_wKXt
(Publicação original em 05/09/2019)