30 de abril de 2024
Coronavírus

NOVOS HÁBITOS NA CIDADE ADORMECIDA

6A6CBE7B-8130-45E2-8713-4F4E2BDF3DF7Não foram só as baixas e as vítimas fatais que já passam das 100 mil.

O coronavírus está atacando, sem piedade, os maiores símbolos dos maiorais do mundo.

Sem atingir uma única edificação.

A liberdade virou só uma estátua na boca da barra do Hudson.

O direito de ir e vir, restrito aos cubículos de metro quadrado mais caros do planeta.

A livre iniciativa, de férias voluntárias.

As usinas de conhecimentos em modo pause.

Broadway, de luzes apagadas.

Acostumados aos pódios em todas as competições, vão levar também a medalha de ouro, nesta que as outras nações fazem questão de ultrapassar logo a curva depois do pico mas para cruzar a linha de chegada, preferem os últimos lugares.

Ao longo da interminável e sinistra batalha, começam a serem reveladas as táticas usadas pelo invasor.

Chegar sem aviso, sem visar o passaporte.

Entrar pela porta da frente, sem bater.

Não dar a mínima para os cofres abarrotados de Wall Street.

Fazer a cidade dormir pela primeira vez. Sem canções de ninar.

Provocar terror. Maior que o maior de todos.

Anestesiar a população.

Levá-la a respirar com ajuda de aparelhos.

Dominar tudo como nunca antes, desde que a Nova Amsterdã foi fundada na segunda tentativa da família Orange-Nassau de conquistar a América.

Não dar a mínima para quartéis e arsenais nucleares secretos.

Destroçar os serviços de saúde.

Esgotar as armas de defesa, deixando os soldados da assistência sem proteção individual.

Já dá pra ver com bastante clareza.

O alvo é a autoestima.

Para atingir no peito esquerdo o orgulho dos adversários, o exército inimigo só precisou provocar medo.

De perder o que sempre tiveram, conquistado com esforço pessoal, merecedores de terem chegado ao topo.

Aquartelados em suas próprias casas, tementes do golpe fatal, trataram de armazenar víveres e o que  mais precisariam para um longo período. Um inverno sem preceder a primavera.

O primeiro produto a faltar foi o papel higiênico. Essencial, na situação e no costume.

Na Louisiana, os franceses deixaram de presente Nova Orleans mas não o hábito do uso do bidê.

Agora, o jornal The New York Times ensina como substituir o produto que não se encontra nem na Amazon, nem na bodega da esquina. (Yes, os cucarachas conseguiram dicionarizar o nome).

As sugestões vão da substituição por toalhinhas umidificadas à troca do vaso por um tão smart que esguicha água perfumada, passando por folhas colhidas no Central Park e o próprio NYT (de ontem), até o mais incrível para uma sociedade tão evoluída.

Tem americano (do norte) guardando e fazendo bom uso dos sabugos de milho.

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