27 de abril de 2024
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O casal que inspirou a música Eduardo e Mônica de Renato Russo

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Se você não era fã de Renato Russo e do Legião Urbana nos anos 80, certamente tinha um amigo(a) que era e cantava aquelas músicas gigantes, com letras poéticas e pesadas sobre o Brasil, Brasília e o mundo daquela época. De agora.

Entre essas músicas a ultra longa “Eduardo e Mônica”, que mais parecia uma história de amor cotidiana e sem fim. Agora, virou filme e apareceu o casal que teria inspirado Russo.

Hoje, nas páginas da Folha de São Paulo.

O Eduardo fantasiado por Renato Russo em sua célebre canção era ingênuo e pouco dado ao estudo. A Mônica se preparava para ser médica e era bem mais velha. Lá para o final da letra, eles não podem ir viajar porque o filhinho ficou de recuperação. Mas as figuras que inspiraram o artista em “Eduardo e Mônica” não eram bem assim.

Pouca gente sabe, mas o casal da letra existe mesmo –ou, pelo menos, quase.

Lançada em 1986 e agora adaptada para o cinema, a faixa do Legião Urbana tomou como inspiração o relacionamento de uma das grandes amigas de Russo, a artista plástica Leonice de Araújo Coimbra, com o marido, Fernando Coimbra.

Na época em que ele compôs a faixa, o músico ligou para a amiga –como fazia com frequência, enquanto trabalhava em novas canções– e mostrou a ela o que, ninguém sabia ainda, se tornaria um verdadeiro fenômeno musical.

“Sempre que ele compunha ele me ligava, ou ligava para outras amigas, para mostrar. E aí certa noite ele me ligou e disse que a música era para nós. Eu, honestamente, não estava nem aí naquele momento. Foi só com o tempo que eu fui reconhecer o tamanho do presente que ele, o melhor amigo que eu tive em toda a vida, me deu”, diz Leonice, por telefone.

A indiferença inicial se deve ao fato de ela ser uma pessoa reservada e de não se reconhecer na personagem imaginada por Russo. Leonice não estudou medicina nem era tão mais velha que Fernando –que, por sua vez, ela considera o verdadeiro intelectual da relação.

“Eu acredito que o Renato escreveu essa música idealizando um pouco a minha mãe –o que faz sentido, porque ele era mais próximo dela

. Mas a energia da história, esse encontro de amor, isso realmente existe, porque eles são referência de um casamento bacana, são mesmo como feijão com arroz.”

O casal conheceu Renato Russo nos anos 1980, num centro acadêmico da Universidade de Brasília, onde Fernando estudava antropologia. O músico estava lá para tocar com sua banda e Leonice ficou hipnotizada pela performance. “Nós nos apaixonamos fraternalmente de cara”, diz ela.

Depois, eles foram trabalhar juntos num jornal publicado pelo Ministério da Agricultura e, com o tempo, se tornaram grandes amigos. Leonice lembra uma viagem que ela fez com o marido no início dos anos 1990, para Nova York. Ao encontrar o estúdio que haviam alugado, se deparou com Russo, recém-chegado à cidade, na porta, perguntado se poderia se hospedar com eles –de início, ela não gostou da ideia, mas no fim as férias foram “bárbaras”.

 Hoje aos 63 anos, Leonice se lembra de Renato Russo, morto em 1996 por complicações da Aids, com carinho. É como se tivesse vivido um segundo amor em sua juventude —um com Fernando, claro, e outro não romântico, com o líder do Legião Urbana.

Com Fernando, a relação já dura 42 anos. Breve por causa do receio de expor detalhes da vida pessoal, Leonice conta que os dois frequentavam as mesmas rodas e festas nos anos de faculdade e com frequência se cruzavam. As conversas não passavam de amenidades, “mas aí teve um dia que aconteceu e nós começamos a namorar”, diz a artista plástica, com discrição.

Ela agora se mostra ansiosa para ver “Eduardo e Mônica” ganhando as telas, no filme homônimo que chega aos cinemas. Ela não se envolveu no projeto, embora a filha  Nina tenha feito uma participação especial.

“No fim, não tem a menor importância se essa história tem a ver ou não comigo. Eu não quero soar clichê, mas a verdade é que o importante mesmo é entender que nós nada seríamos sem amor. ‘Eduardo e Mônica’ fala de uma história que deve se repetir aos montes por aí, e eu fico muito honrada de a ter motivado de alguma forma.”

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