O ESPETÁCULO NÃO PODE PARAR

Em cartaz no palco principal da política, retransmitida em rede de TV como uma evolução em imagens da Voz do Brasil, a apresentação tem no intervalo de 15 dias, um tempo para a plateia refletir sobre o que tem assistido.

Para não se surpreender com os papéis desempenhados pelos políticos, basta considerá-los atores de uma interminável opereta em forma de tragicomédia.

Estilo literário aberto, qual folhetim, os personagens vão mudando ao sabor dos ventos, votos, aplausos e risos da plateia.

Se a nem tão respeitada audiência insistir em lembrar atuações passadas, em fases anteriores da estória,  perde o fio, e a exibição, autenticidade e graça.

Os astros costumam  trocar de roupa, partido e lado. Nas mudanças, vão as convicções e ideologias.

Para o público, fica fácil identificar quem é contra, a favor; bandido e mocinho. Faltam índios. Sobram beatos, candidatos aos altares e seus discursos, afinados com o momento.

Antigos galãs viram canastrões. As novas revelações logo aprendem trejeitos, caras e bocas dos veteranos.

Em breve,  a funçanata estará de volta, sempre em sessões contínuas e mesmo elenco, só renovado a cada quatro anos.

Imaginar o combativo senador alagoano, paladino da moralidade, líder da tropa que salvará a nação dos malfeitores bárbaros, não combina com o outro papel. Quando presidiu a casa e andou solenemente para determinações do STF, não recebeu o documento e nem ao menos considerou seu uso como papel higiênico.

De quando em vez, um ator, daqueles que a gente nunca associa o nome à pessoa, ganha importância na trama, ocupa os melhores espaços nas mídias e só não voa mais alto, porque antas não têm asas.

Pra não dizer que da toca não sai tatu, nem se aprende nada de futuro, no recesso para descanso do cast, estão sendo apresentados filmetes educativos.

Revelações surpreendentes sobre a fauna amazônida incluem os maus hábitos do macaco guariba, antes conhecidos somente por Dona Geni.

E já se sabe quando chega a hora certa de as onças insaciáveis beberem água.

A trama já ia perdendo o interesse, quando de volta da motociata, em pitstop para uma sessão descarrego no hospital, em momento de lucidez, o investigado oculto elevou nossa capital federal a patamar superior ao de patrimônio  cultural da humanidade, conferido pela Unesco.

Agora, Brasília passa a ser paraíso de lobistas e picaretas.

Como a sanção presidencial não deixa claro se o título é baseado apenas nos sem mandatos eletivos, é hora de um esforço maior para a união nacional, infelizmente não alcançada no enfrentamento à pandemia, por polêmicas e conflitos de interesse sobre drogas sem comprovação científica.

Para pacificar a nação, basta Lula revelar os nomes dos 300 picaretas do congresso.

Entre eles, quem é membro da CPI da Cloroquina.

O segundo ato merece  artistas de melhor nível.

E não se fala mais em vigarices de cabo de polícia nem em trambiques no auxílio emergencial.

A Fazedora de Bonecos (2009) – Jcorrea