28 de abril de 2024
Coronavírus

O FILHO DO TEMPO

 

4DBDD976-F98B-443F-9201-77C03258FB74Já poderá estar entre nós, a criança símbolo da recuperação da maior catástrofe, incluídas todas as mais sangrentas guerras, por que passou a humanidade.

Não que ela própria, tenha enfrentado, ao nascer, dificuldades ou complicações, entre as muitas que a camaleônica doença causa.

Será mais uma daquelas pessoas que levarão para a vida toda, além da carga genética, outras  heranças dos pais.

E as circunstâncias.

Menino e depois homem, não negará Ortega y Gasset.

Nascido no ano inesquecível da mais radical mudança pela qual o planeta passou, será educado de maneira diferente dos quatro meio-irmãos, numa sociedade mais fraterna e acolhedora. E viverá num país sem fronteira

Falará todas as línguas. Com sotaque de Babel.

Usará a mesma moeda, sem estampas, sem metal, sem especulações, aceita em todos os lugares, usada por todos os povos.

Escolherá uma profissão, entre as essenciais para melhorar as vidas dos outros. Reconhecida e valorizada.

Aceitará que mesmo tão iguais somos bem diferentes.

Entenderá que o novo tempo pagou um altíssimo preço para ser aceito.

Que todos os indícios haviam sido desconsiderados, até que travestido de desconhecido, chegou. Em silêncio, invisível.

Hão de lhe contar que seu próprio pai, homem poderoso e influente, foi um dos que mais desdenharam a força do inimigo invasor.

Que foi preciso ser atingido em combate, ter passado por sofrimento e penoso tratamento, para mudar de atitudes. E estratégias.

Que ficou mais que provado, as armas mais poderosas foram inadequadas para os embates travados simultaneamente por todas as nações.

Sem uma única exceção, nenhuma quedou intocada, mas estragos maiores foram vistos  onde se quis aparentar que nada ocorria.

Os maiores sábios, as melhores escolas e academias foram incapazes de apresentar uma fórmula, um remédio que afastasse o mal.

A única solução eficaz para deter o avanço da destruição, que a princípio parecia covardia, foi a salvação.

Todos recolhidos em suas casas, esperaram que, sem ter mais a quem atacar, em inanição, o intruso, da mesma forma  sorrateira que chegou, desaparecesse.

Deixou lições.

Entre elas, que a gratidão continua  a mãe de todas as virtudes.

O gesto dos pais, os ingleses Carrie Symonds e Boris Johnson, de homenageá-lo com o nome dos médicos que trataram do chefe de governo, é o mais eloquente sinal que a vida não será, nunca mais, a mesma de antes.

Longa vida, vida nova, feliz.

Seja muito bem-vindo,
Wilfred Lawrie Nicholas Johnson.

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