O Poeta e o Futebol
Seleção Brasileira: A Lâmpada Mágica e o Gênio
* Napoleão Veras
O Brasil, como tem sido uma constante, perde quase todo brilho quando não conta com o menino Ney.
Já na primeira partida, pós contusão do craque, a seleção canarinho revela sua crise de abstinência.
De fato houve uma perda de qualidade técnica, de verticalidade criativa, de refinamento.
O amigo Luiz Neto, ex-atleta dos bons, resume assim: ‘O Brasil sem Neymar é um time comum. O Pombo não domina bem a pelota; Neymar domina, conduz, tem visão de jogo, não teme partir pra cima, dribla magistralmente em velocidade, é completo”.
Seu futebol só tem crescido nos últimos anos. Não é mais um finalizador apenas, principalmente um criador de jogadas, um meia-atacante que pensa o jogo, abre espaços, que dita o ritmo, que faz o time correr e respirar, sendo a um tempo arco e flecha.
A oposição política brasileira hoje – desavergonhadamente – invade a seara do futebol, comemorando em ambiente público a contusão do nosso mais valioso atleta – um vexame!, e demonstra no fundo querer um time de eleitores, dentro do sonho miúdo nada democrático de pais de partido único.
O jogo de hoje confirma ser o menino Ney a alma do time. Sua ausência não faz desaparecer a lâmpada mágica que é o futebol brasileiro, mas nos priva, e o mundo todo, de um dos seus gênios. A questão está bem acima de vontades simplistas, maniqueístas, e de ideologias mal ajambradas, sem capítulos sobre como lidar com a gorduchinha. Melhor deixar cada um no seu quadrado.
O eufórico Galvão, o mais Pacheco dos cronistas esportivos, durante a transmissão de Brasil x Suíça, conseguiu a proeza de comentar o desempenho opaco do escrete canarinho, seus pontos fracos, sua falta de brilho, sua perda repentina de qualidade e, em nenhum momento, cogitou que a queda de produção se devesse a ausência do número 1. Como se fosse estrela dispensável, de quinta grandeza, ou não existisse, ou, pior, nunca tivesse existido.
Sequer lamentou, abstraindo-lhe os requisitos de refinada técnica, o lado entrega do guerreiro Neymar, sua valentia, sua impetuosidade, seu amor à seleção brasileira e ao país.
Jogadores eficientes se encontram em todos os times de futebol do mundo.
Gênios da bola são raríssimos.
Neymar merece respeito.
E admiração.
*Napoleão Veras – Alexandria, 28 de Nov. 2022