O QUE NÃO SE APRENDE NA ESCOLA
A cada três anos, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) avalia jovens que completaram 15 anos de idade e os comparam com colegas de 80 países, no Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes.
Muito além dos testes dos conhecimentos em matemática, ciências e leitura, é feita análise dos fatores dentro e fora da escola que influenciam na aprendizagem.
Ocupamos a 53ª posição.
No início do governo Bolsonaro, um ministro de sobrenome impronunciável e mal-educado, posando de astuto, mandou a vergonhosa fatura para os inimigos vermelhos de sempre.
Seus sucessores não tiveram desempenho menos sofrível.
Essa parada não é federal, nem de agora.
Nem mesmo do ensino público.
Todos estão voando na mesma sala de aula.
Não precisa ir longe.
É só observar o que – e como – se escreve nos grupos de relacionamento de velhos amigos dos bancos escolares, reaproximados pelas redes sociais.
E como os áudios atestam a prevalência da comunicação verbal e da simbologia dos gifs, emojis, gírias e abreviaturas.
Se os alunos não vão bem, imaginem seus professores.
Eles já não têm o mesmo prestígio, exercem uma profissão que perdeu o glamour, mas ainda com procura maior do que se pensa e divulga.
De todos os universitários brasileiros, os de Pedagogia só perdem, em número, para os de Direito e Administração.
Há mais de mil cursos em todo o país.
80% no setor privado.
Nas faculdades públicas, o funil ainda é de boca estreita.
Somente um em cada doze candidatos consegue vaga.
São maioria na educação a distância e nas escolas particulares.
Sem exames seletivos de admissão, são encontradas mensalidades tão acessíveis quanto 180 reais.
E não se fala no FIES.
Com insumos abundantes e linha de produção a toda capacidade, o resultado final tem baixo custo.
Mas depois, o salário, oh!
(Publicado em 02/12/2022)