27 de abril de 2024
Política

ONDE FOI PARAR O VALENTE

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O Atleta (1909) – Pablo Picasso – Acervo do MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand


Para conquistar um assento na janela e alguns minutos de fama, em  ambiente com tantos pavões e cobras criadas, são necessários mais que uma montanha de músculos bem malhados.

Ali, os espaços são disputados com gente que chegou à ante-sala do paraíso, depois de serviços reconhecidos e experiência administrativa e parlamentar.

Houve um tempo que era destino quase certo, prêmio para governadores bem avaliados.

A casa dos sábios e dos anciãos notáveis.

Que não se culpe o soberano público eleitor. Ele tem sempre razões, se bem que, às vezes, a própria razão as desconhece.                     

Ele vota em quem nem sabe o prenome. Nem o sobrenome. Nem o partido. Nem as ideias que defende. Mas o eleitor nunca erra, é o que repete  o vulgo.

Velhos políticos sofrem desgastes, preconceitos e bullying.  Enjoo das mesmas caras de sempre, acontece.

E viva a nova velha política.

Quem haveria de imaginar que um pouco mais de um ano da posse do acreano-potiguar Eann, estaríamos enfrentando uma pandemia?

Ficou pra trás, esquecida na memória recente, que tudo que precisávamos, à época da eleição, era um tenente e dois bafômetros.

O trânsito em ordem, os bebuns andando de Über e todos os problemas resolvidos.

O estágio seguinte e natural, Styvenson queimou.

O capitão não ofereceu sua bravura para enfrentar os outros malfeitores que praticavam crimes mais agravosos.

O povo não atinou. A imprensa calou.
É da natureza deles.

O osso roído é trocado, quando aparece um novo.

Agora, sem recorrer a assessores, releases nem jabazeiros, Valentim frequenta o noticiário provincial na modalidade 0-800.

Do jeito que ele gosta. De camisa regata e bíceps suados, de quem acaba de fazer trezentas flexões.

Seu primeiro sucesso midiático foi enfrentar  o assunto-tabu do nepotismo, para sair bem na fita doméstica.           

Deu-se mal junto ao eleitorado familiar e no  julgamento das redes sociais.

Sobrou para a coitada da irmã, fiel frequentadora  da igreja dos desempregados necessitados e cidadã cumpridora da lei.

O Senador Mendes, bacharel de  pouca  militância na advocacia, não lembrou que a comunicação de crime não cometido, pode tornar criminoso, o denunciante.

Sua produção parlamentar vai da obrigatoriedade de exames toxicológicos para aporrinhar a vida dos agentes de segurança, à castração química voluntária, para condenados por crimes sexuais.

Quando as lives já estavam meio fora de moda por excesso de oferta e falta de novidades, o destemido parlamentar resolveu se apropriar das prerrogativas da polícia sem farda, e qual experiente perito criminal, esclarecer o episódio do olho roxo da deputada campeã de votos.

“Aquilo ali, das duas uma: ou duas de quinhentos [com mãos à cabeça, fazendo chifres] ou uma carreira muito grande [fungado de cheirador de droga]. Aí ficou doida e pronto… saiu batendo em casa”.

A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu, as lesões, possivelmente,  foram em decorrência de efeitos de remédio para dormir.

O caso estaria encerrado não fossem as reclamações  por danos morais e denúncias ao Conselho de Ética do Senado.

O caso subiu ao STF,  junto com o medo de deixar as delícias do chiqueiro  e a defesa frouxa:

Eu me expressei de forma inadequada.

Que saiba Vossa Excelência, sua inadequação,  há muito foi percebida.

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O retrato de Dora Maat (1937) – Pablo Picasso – Museu Picasso, Paris
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Mulher sentada (1949) – Pablo Picasso – Coleção Privada
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Autorretrato (1907) – Pablo Picasso – Galeria Nacional de Praga

One thought on “ONDE FOI PARAR O VALENTE

  • Nelson Mattos Filho

    Concordo de cabo a capitão, mas me diga: Tem alguém no chiqueiro e arredores se expressando de forma adequada?

    Resposta

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