9 de maio de 2024
Coronavírus

ORA DIREIS, USAR MÁSCARAS

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Alegoria da Primavera (1483) – Sandro Botticelli – Galleria degli Uffizi, Florença


Quando um velho companheiro manda uma sugestão de tema para  este recanto de território, sempre acende um farol. Amarelo.

Há perigo na esquina. Em algum lugar,  um leitor pode estar  em desencanto.

Dependendo da anima alma, o aviso pode ser interpretado como uma tarjeta amarilla ou roja, e a deixa para aproveitar o declínio do coronavírus  como aceitável desculpa para pendurar o blog. E acabar com a mania  de tirar onda de cronista do cotidiano.

Nessas alturas da curva de contaminação, o que resta a fazer um provecto esculápio que nem como voluntário foi recrutado  pelo exército brancaleone que combateu o terrível invasor, a não ser, viajar no tempo, e lembrar as agruras passadas?

Foi assim há dois anos, quando viramos peruas de uma mesma cantiga, esperando a vida que levávamos antes, voltar.

Na falta de outras notícias, variações sobre o mesmo tema eram toleradas.

Como a de uma profissão com poucos anos de práticas,  que estava sendo dizimada pelo astuto sínico.

Pessoas que se dedicavam a melhorar a imagem dos outros, fazendo-a personalizada e única, também não estavam resistindo ao tsunami que seguiu o grande espirro do oriente.

Quem sabia, por estudo e intuição, harmonizar os traços fisionômicos, realçando, no exterior, a beleza que escondida entre rugas e vincos, foram dos primeiros a perder emprego.

O isolamento estava obrigando a televisão a voltar às suas origens etimológicas.

Entrevistados dispensavam estúdios.

Dos seus home studios, com cenografia doméstica, caras lavadas, paletós nos espaldares das giroflex, quem haveria de lembrar de um visagista?

O técnico que harmoniza, esteticamente, a imagem pessoal, de acordo com a personalidade e o estilo de vida de cada um, cumpria aviso prévio.

Maquilagem, cortes e penteados, tornaram-se recursos estéticos démodés desde que as máscaras viraram o  novo hit feminino.

Antes cirúrgicas, passaram a artesanais e artísticas, com estampas, cores e formatos variados.

A nova e indispensável  peça do vestuário trouxe imensa vantagem para os menos afortunados  de beleza exterior.

Esconderam narizes aduncos  e sorrisos entramelados.

Acne de adolescente e prega de madama atemporal.

Logo  as chics, famosas e colunáveis, estavam viralizando os modelitos Louis Vuitton e Chanel N95.

Para realçar a beleza facial, restava o kohl, a milenar arte egípcia que valoriza os olhos.

Agora, mesmo com o abrandamento da pandemia e as medidas restritivas flexibilizadas, o mascaramento resiste.

Por hábito ou necessidade.

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O nascimento de Vênus (1483) – Sandro Botticelli – Galleria degli Uffizi, Florença

 

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