1 de maio de 2024
Coronavírus

ORA-PRO-NÓBIS

305B056B-B9AF-43F3-BBDF-9B1618CCC693
Os primeiros apavorados já podem fazer as contas.

Vão somar 60 e poucos dias de quarentena.

O que já foi distanciamento, passou a isolamento, ainda corre o risco de mais pra frente virar confinamento. Traduza quem quiser. E for besta.

Falta só baixar em alguma autoridade constituída e de origem popular, o caboclo tranca-ruas.

Ou os parças receberem dos hômi, a senha para o salve geral.

Será que depois que tudo virar lembrança e saudade, teremos tempo de pensar nesta pausa forçada,  na agitação que voltou a ser a vida?

Dois longos meses sem abraçar os mais queridos. Sem convívio com  as pessoas do bem querer. Aconchego solitário.

Dias de procura por boas notícias. Remédio salvador. Receita milagrosa. Conselho para vencer solidão. Dica de filme.  Série pra maratona.  Esperança vinda de onde já passou. Livros pela metade. Falta de tempo no tempo que não falta. Trabalho de longe.

É hora de parar?  De pensar. Faço falta?

A lista das coisas que não se fez. E das que não mais   serão feitas.

O carro curado da bebedeira. Dois meses, cinco dias e nove horas sem ir a um posto de combustíveis.

Merece troca de ficha.

Os músculos flácidos, as juntas travadas e todas as tarefas realizadas. Sem doze repetições. Sem cansaço.

Barriguinha que ninguém nota.

Balança ignorada.

Uma taça de vinho em dias especias; duas cervejinhas no domingo ensolarado.

Em algum lugar devem vender  pinot noir em meia-garrafa.

O guarda-roupa abarrotado. Mexida só, a gaveta das camisetas. Haverá melhor uso para tanto paletó.

Barba, quinta coluna dos invasores, nunca mais de molho. Cheiro de talco e cara de bumbum de bebê, pra sempre.

Cabelos, brancos, cortados pela patroa. Jeito que ela dá. E gosta. O falante fígaro, saberá fazer outra coisa na vida?

Todas de máscaras. Muçulmanas. O baile não para. Fábricas de batom, pra quê?

AA36001E-3FF1-4C86-AE7D-05F71B92E1EE
Saídas essenciais, destinos inevitáveis.

Farmácias, mercados. Horários fora das horas.

Demofobia?

Agorafobia?

O Google sabe a diferença.

Restaurantes em casa.

Todos os cardápios. Fotos e  água na boca.  Garçons de moto. Sem gorjetas. Comparado, o preço baixa. Fica justo. E sobra RO.

Descobertas incríveis.

Simples. Como era pra ter sido. Há muito.

Assim. Simples.

Banhos incompletos, sem lota, jamais.                Lavar as narinas, limpa a alma.

No canto do muro, a planta de enfeite, flores perfumosas.

A nova comida. Salada, refogado, sopa.

Carne de pobre. Vitaminada, sem gordura. Reforço nas defesas imunológicas.

Sustança.Tudo que precisamos.

E se nada disso for comprovado,

Reza por nós.

F6A7BEA0-7844-4FBC-A0BC-DDA11DF7EBCB

One thought on “ORA-PRO-NÓBIS

  • Fernando Tasso Felix.Barra de Cunhau.

    O nosso mestre em urologia virou um homem de letras. Nem Eça de Queiroz diria melhor as coisas simples e profundas como as de hoje. Continua meu amigo e médico dedicado ao ponto de vir deixar uma receita para eu comprar num remédio que exige receita para comprar. Trata-me como um irmão caridoso. Que Deus o cubra com seu poderoso manto pata proteger toda sua família. Isso é apenas gratidão. Eu não puxo o saco nem do bilionário Gustavo.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *