PASSAPORTE PARA A VERDADE
O mundo ainda passa pelo lento processo de pasteurização de ideias e pensamentos, onde emitir opinião que desonere a receita da panaceia, ou faça os doutrinados lembrar o leite derramado, continua atividade de risco.
Até o direito à dúvida, herdado dos filósofos de todas as escolas, têm sido suprimido dos mais ousados que insistem em pensar fora da caixa preta, lacrada pela establishment e embalada pela grande mídia.
Não desistiram dos rótulos, sempre pejorativos, obrigando aos que pretendem iluminar um pouco mais a vida, percorrer as ruas, vestidos somente com o barril de Diógenes, e uma lanterna em cada mão, com as inscrições: obscurantismo e negacionismo.
O novo governo anuncia medidas de obrigatoriedade dos incompetentes passaportes sanitários que já não são mais carimbados em nenhum país do mundo razoavelmente civilizado.
Em pleno carnaval e durante mais uma tragédia que se anuncia nas chuvas que fecham os verões, o maior dos jornalões insiste em chamar o braço de todos para a seringa, sem ao menos passar suas frágeis verdades pela própria agência identificadora de fakenews.
Aos donos das certezas e aos praticantes da nova ciência da unanimidade universal, resta reagir com a velha, insubstituível e libertadora ironia.
E fazer as perguntas que nunca são respondidas, simplesmente porque não precisam de respostas.
– O que temem os reforçadamente protegidos?
O que fazer, o cidadão impotente diante de quem assumiu o poder com a pretensão de controlar a vida de todos, em todos os detalhes, surfando a nouvelle vague da cultura woke?
Pessoas que se julgam acima dos demais, moralmente superiores e tentam impor suas ideias aparentemente progressistas.
Hipócritas, nenhuma dúvida é cruel; nenhuma pergunta deve ofender.
(Tema e ilustrações utilizados neste TL, em 01/02/22)