7 de maio de 2024
Memória

PERMISSÃO PROIBIDA

Suzana  e os anciãos (1610) – Artemisia Gentileschi –  Palácio de Weissenstein, Pommersfelden, Alemanha.

(A história de Suzana, no Livro de Daniel:                Dois homens idosos ameaçam denunciar que ela estava sozinha com um rapaz no seu jardim, a menos que ela tenha relações sexuais com eles)

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Os nossos, são tempos de palavras medidas e contadas.

Pode-se falar de tudo, mas não muito, e com muitos poréns e explicações.

A dislalia de Hortelino Troca-letras (e Cebolinha) não faz mais graça nenhuma.

Mas pode provocar crise internacional ou processo em tribunal superior.

O cochicho ao pé do ouvido, mesmo entre altos dirigentes, decifrado por leitores labiais, precisa ser explicado.

Tudo tem contexto e consequências.

Chegará ao ponto da necessidade de uma lei para acalmar os pensadores de pensamentos alheios:

Até que a mentira vire meia-verdade, e prova em contrário, tudo é fake.

Quem escreve de sol a sol, todo santo e todos os dias,  é solicitado a  identificar personagens das estórias contadas.

Neblinam reclamações pela franciscana dieta de nomes, pessoas e lugares.

Segredos de quem não abre o bico nem a pau.

De arara.

Não faltam guardiões da memória de antepassados, e  honra de governantes contemporâneos, com poder.

Nestes tempos do tudo politicamente correto, a liberdade de expressão é campo minado.

Quem discordar, é só experimentar uma graça com alguma dessas minorias superiores.

Ou catucar, mesmo que de leve, e de vara curtidora, uma poderosa corporação.

A Teoria do Domínio do Fato é pá de cal na antes inocente dúvida, como defesa.

Contra o réu pré-condenado, vale o que pensam do que ele pensa.

Ou escreve.

Uma raposa  política dizia que as testemunhas ideais eram as mortas.

As únicas que nunca iriam te desmentir.

Fragmentos da memória, sobre fatos acontecidos ou não, surgem uns atrás de outros.

Questiona-se com razão, se muitos deles já não foram contados e apenas são lembradas com outras palavras, o que se leu em algum lugar.

Um amigo já disse que estes textículos viraram enigmas.

Antes que a conversa entre em disforia de gênero ou  por uma perna de pinto e saia por uma de pato, nada como um desafio:

Decifra-me, ou conto outra.

 

O Martírio de São Januário no Anfiteatro de Pozzuoli (1637) – Artemisia Gentileschi – Catedral e Pozzuoli, Anápolis, Itália

O quadro mostra o momento em que o mártir cristão Januário (San Gennaro) e seus seguidores são jogados para um grupo de animais selvagens no anfiteatro de Pozzuoli,  porém, eles lambem os pés do santo em vez de atacá-lo. E Januário sai ileso. (Wikipédia)

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N.R 

Neste dia em que o aprendiz de cronista deve ser submetido a uma cirurgia (Prostatectomia Radical), são publicadas reflexões sobre liberdade de expressão e pensamento.

Amanhã tem mais, se o ‘juiz dos juízes’ permitir.

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