5 de maio de 2024
Opinião

Petróleo renasce no RN que não cuidou de mudar

Quando o petróleo apareceu (nos anos ´80 ) no nosso Rio Grande do Norte, até 2004, foi adotado  o “Radipecon”  como medicamento capaz de atender as necessidades e sonhos das nossas lideranças, virando solução para todos os nossos problemas econômicos.

“Radipecon” era um fortificante que o chefe político Adauto Rocha, (que sempre o levava consigo), sem nunca ter perdido uma eleição em Arês e Goianinha, para prescrever e fornecer instantaneamente para curar todos os problemas de saúde apresentados pelos eleitores nas campanhas.

Na exploração de petróleo deixou de fazer efeito quando começou o desmonte da estrutura da estatal de petróleo no Rio Grande do Norte e o consequente fim de novos investimentos necessários para a exploração das maiores jazidas do mundo, com a sua grande descoberta; – o pré-sal; capaz de resolver todos os problemas do Brasil, desde que não se fosse gastar antecipadamente por conta, até chegar ao “petrolão”.

E a Petrobrás, perdeu, aqui, a ampla capacidade do “Radipecon”, como aconteceu com este, quando seu Adauto se aposentou da política.

Com a desestatização dos “campos maduros”, o petróleo está renascendo  para o RN, mas o radar das nossas lideranças ainda não captou a possibilidade de um novo/velho quadro positivo para nossa economia.

PRIMEIRA ONDA

Na primeira onda de petróleo tivemos um mesmo negociador, representando oficialmente o Governo, quando era super secretário, ou Presidente da FIERN, Bira Rocha, filho do mesmo seu Adauto do remédio milagroso…

Foi a época em que o RN chegou a formalizar um projeto, negociado com a Petrobrás, para a instalação de um polo industrial em Guamaré com uma refinaria de porte médio para produzir gasolina, querosene de avião e diesel.

Ficou aqui uma pequena refinaria de gasolina e combustível de aviação, chamada solenemente Refinaria Clara Camarão, sob aplausos gerais, quando Pernambuco conquistou uma super refinaria (que pagou muitas outras atividades reveladas no “petrolão”) e o Ceará, que produz uma fração do RN, recebeu a promessa que não saiu do canto.

E os estados do Nordeste brigavam, cada um por sua refinaria. Nós, do RN, recebemos um cala-boca e ficamos muito felizes…

Foi também a época do Polo Gás Sal que não se sustentou pela estimativa muito otimista das reservas, ou de outras destinações que logo apareceram.

PRÉ SAL NO CAMINHO

A prioridade da Petrobrás havia mudado. Os investimentos foram sendo cortados e a produção de petróleo no RN foi diminuindo, sem haver sequer recursos para manter a nossa produção estável.

Ficaram os chamados campos maduros deixados “num estado muito ruim. Agora estamos recuperando esse esforço e não queremos fazer da maneira que a Petrobrás fazia” disse ao repórter dessa Tribuna, Valcidney Soares,  o secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás, Aníbal Santos Júnior.

Dando respaldo a essas palavras, em apenas dois anos, os independentes já tem muito o que falar: Aumento de Produção do RN em 179,5%, entre dezembro de 2919 a março de 2022. Resultado de investimentos de R$ 1.5 bilhões, e ainda sem a perfuração de um só poço.

Os produtores independentes já são responsáveis pelos resultados da Bacia Potiguar, com a produção 52% deles e 48% da Petrobrás.

Com a entrada das empresas de capital privada a produção do RN atingiu um patamar de 40 mil barris/dia, voltando a ser o maior produtor de petróleo em terra do Brasil.

VOLTA DO ENTUSIASMO

Na área geográfica produtora de petróleo (Mossoró e arredores), o Presidente da Rede Petro, Gutemberg Dias, confessou voltar a sentir o antigo clima, com as empresas contratando profissionais, se reestruturando, voltando o fortalecimento de toda a cadeia produtiva de petróleo e gás.

Com estrutura para produzir 80% do óleo do RN e de 50% do seu PIB industrial, a 3R, pelo seu CEO, sr. Ricardo Savini, mostrou otimismo com a sua operação no Rio Grande do Norte, que completou dois anos, no domingo passado. Ele disse ao nosso repórter Valcidney Soares que sua empresa, em plena pandemia, encontrou um cenário de muito potencial, que vem sendo confirmado pelos seus números nesses dois anos.

Com sua última aquisição, do Polo Potiguar, a 3R vai passar a atuar não só como produtora de hidrocarbonetos, mas também no refino de derivados devido à estrutura de Guamaré, que inclui o Ativo Industrial, compreendendo a Refinara Clara Camarão e o Terminal e Porto.

 

AVISO MUITO PRÉVIO

 

Desde 2015 a Petrobrás anunciou a seu plano de “desinvestimento”, antecipando a sua retirada do Rio Grande do Norte, com a venda dos seus principais ativos. Somente quatro anos depois é que começou a implementá-lo e os rio-grandenses se mostraram surpresos e, depois, descrentes da capacidade da iniciativa privada substituir a operadora estatal.

A verdade é que, faltando quatro meses para uma eleição geral, não foi ouvida uma única voz propondo um reposicionamento do RN se enquadrando nesta nova realidade. (Nem mesmo o senador JP Prates, reconhecidamente qualificado para discutir a matéria se motivou a tratar do assunto, ou pelas patrulhas ideológicas do seu partidos, ou pela decepção de ter sofrido a negação da legenda para ele, que foi nosso parlamentar mais qualificado) e atuante na matéria).

Aos candidatos e suas equipes sugiro uma primeira tomada de posição e mais fácil: ler a manchete da edição de domingo dessa Tribuna do Norte para entender que a situação do petróleo no RN está mudando, mesmo sem todo o apoio que devemos oferecer aos novos parceiros.

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