PODER EM VERTIGEM
O avô faleceu aos 82. O pai aos 70. Com 38, o terceiro da dinastia dos todo poderosos da Coreia do Norte, enfrenta o período mais crítico do seu governo, desde que herdou o país há 12 anos.
Não que já não tivesse enfrentado outras turbulências, guerra herdada, infinda e não brigada com o rico vizinho do sul e até desafiado, reiteradas vezes, a maior potência bélica e as outras, econômicas, do mundo.
Com punhos de ferro, controlando a vida de 25 milhões de almas, Kim Jon-Un é o padrasto que dá de vestir, roupas iguais, de comer, rações balanceadas e fotos pra pendurar nas salas das casas, para todos que não fugiram ainda do seu regime opressor.
Tudo para que as riquezas da nação sejam transformadas em armas nucleares e mísseis. Como uma brincadeira de jogos de guerra.
Seu maior desafio ninguém do lado de cá de sua cortina de bambu e baionetas sabe ao certo qual é a dimensão.
Faltou ao mais importante e imperdível desfile militar, em homenagem ao fundador do país, o avô idolatrado e os rumores inevitáveis ultrapassaram qualquer desculpa mais que justificada.
Especula-se que esteja lutando pela vida em um leito de UTI, depois de complicações de cirurgia cardíaca.
Com as probabilidades que a ocasião permite, também supõe-se que possa estar acometido pela Covid-19, apesar de não haver registros oficiais da passagem da pandemia pelo país mais inacessível do mundo.
Em ambos os casos, co-morbidades evidentes agravariam a recuperação.
Cirúrgica ou da infecção viral.
Obeso de não disfarçar as gorduras em excesso, por baixo das túnicas militares alargadas, sob medida.
Fumante inveterado que proíbe registros de imagens com o cigarro no bico.
Diabético. Hipertenso.
Mesmo sendo fã do basquete, da NBA e do astro Dennis Rodman, de ter alcançado o posto de Marechal aos 28 anos e de comandar o Exército, sua condição física não aparenta ser das melhores.
Fora de forma.
Um homem-bomba.
Não são conhecidas as regras para sua substituição, mesmo as temporárias.
Com um histórico de vida igualmente enigmático, o mistério é ainda maior.
É tido como certo que tenha estudado nos melhores colégios da Suíça e viajado muito, e até visitado a Disneylândia americana.
Sem provas.
Teria usado documentos falsos.
O de turista adolescente, com passaporte brasileiro, foi conseguido, sabe-se lá a que preço, na embaixada na República Tcheca.
Por todos os cantos (que não tem nenhum), o mundo passa por período de mudanças que não se poderia nunca imaginar.
Nem compreender.
Transcende o conhecimento, a ciência e a crença.
O tempo é de muitos mistérios insondáveis no ar.
Tem mais. Tem outros.
Não é só a pandemia.