4 de maio de 2024
Memória

POLTERGEIST NO AGRESTE

 

A aparição (1885) – James Tissot – obra exibida em 2019/2020 no Museu da Legião de Honra, em São Francisco – Coleção particular


Medo, mistérios e curiosidade fazem do turismo do terror,  oportunidade de ocupação e renda para muitos espíritos desencarnados.

Quando  católicos perseguidos, fugidos do Canadá, encontraram os negros das colônias caribenhas na cidade fundado por franceses, New Orleans virou o cadinho onde as culturas se misturaram.

Culinária, artes, música, religiões e superstições.

Estórias contadas, recontadas, repetidas e romanceadas, tornaram  a antiga capital da Luisiana, a mais mal-assombrada do mundo.

No Recife, outra metrópole miscigenada, as crendices e os cultos africanos, deram  tantas estórias de arrepiar os cabelos, que Gilberto Freyre publicou, há quase 70 anos, Assombrações do Recife Velho.

São 27 casos, inexplicáveis pela ciência e que até há pouco, antes da pandemia, causaram medo em  quem tinha a  coragem, de se aventurar por  passeio noturno pelas águas do Capibaribe e do Beberibe, a bordo do catamarã assombrado, onde eram contadas e mostrados os locais das estórias sobrenaturais.

Em outra confluência – dos rios Bujari e Curimataú na mesma rua grande que começa na ponte e vai pr’além do oitão da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em épocas distintas, dois casos permanecem à espera de explicação de um Padre Quevedo.   Ou do Detetive do Fantástico.

No casarão dos Torres,  imponente mansão em estilo neoclássico, pratos, copos, e tudo que guardado sobre as cristaleiras, saiam voando e se espatifavam pelas paredes.

Luzes e barulho que poucos arriscavam, ou tinham desassombro para ver ou ouvir de perto

O fenômeno durou semanas.

Resistiu às rezas, rezas fortes, novenas, incensos, benzidos e unções e a qualquer outro método que alguém indicasse.

Dizem que só desapareceu quando uma jovem secretária doméstica da família,  recebeu o bilhete azul.

A poucos metros da igreja, numa pequena casa, onde moravam as Pinto, irmãs solteironas, devotas da Irmandade das Filhas de Maria, toda noite, em horário regular, chovia.

Sem nenhum preparo do tempo, ou nuvens no céu, lá vinha a chuva.

De sapos.

Em grande quantidade.

De uma espécie que ninguém jamais tinha visto,  e sem classificação na taxonomia de Lineu.

Nas casas vizinhas e conjugadas, nenhum registo dos arrepiantes batráquios.

Não teve exorcismo nem troca de caibros e telhas que desse jeito.

Esses fenômenos não têm sido mais registrados e há controvérsias por quais motivos.

Mudanças climáticas (sempre elas) e melhor iluminação, são hipóteses prováveis.

Na Universidade da Transilvânia em Brașov, Romênia,  uma pesquisa  comprovou que  as entidades do além são avessas às modernidades tecnológicas.

Smartphones e suas câmeras  de alta resolução, inibem os espíritos brincalhões.

As mãos resistem a ele (1972) Bill Stoneham – Percepcion Art Gallery, Grand Rapids, Michigan.                                ***Este quadro se tornou viral em fevereiro do ano de 2000, quando foi leiloado no eBay por um casal de idosos que alegava que ele ganhava vida durante a noite.

(A primeira visagem deste texto foi relatada em 18/09/2019)

One thought on “POLTERGEIST NO AGRESTE

  • Luíz Costa

    No momento tem aparecido na telinha muito espantalho com cabeça de abóbora. Valeu Doutor.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *