2 de maio de 2024
Política

POR FALAR EM SEMIPRESIDENCIALISMO

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Rainha Vitória (1840) – George Hayter – Royal Collection, Inglatera


Se for perguntado a um alienígena, habitante de algum planeteco de
Alpha Centauri, que acompanhe o que se passa no seu similar azul, da vizinha Via Láctea, ele haverá de responder que de tudo que sabem das observações à distância, não dá pra entender o sistema político que governa um certo país, ao sul.

Sempre ardendo em chamas, em crises e ebulição.

O moço do disco voador, com tanta estrela por aí, talvez não tenha tempo de ler a história desse mundinho de Deus, do qual os portugueses abriram mão e deixaram pra cá.

Foi reino unido e império. Tornou-se república, mas os eleitos  quiseram sempre governar sozinhos, quais imperadores fossem.

Tudo começa nas campanhas eleitorais.

As promessas mirabolantes, sem a menor chance de ser cumpridas, ganham adeptos e inspiram a formação de novas seitas de fanáticos.

Quem assume o poder, apesar dos pasteurizados discursos de posse, conclamando a união de todos, querem mesmo agradar uma banda só.

A bússola-guia é consultada nos gráficos dos institutos de pesquisas.

Programa de governo só para ser refeito em caso de  reeleição.

E quando esta não for mais possível, que seja ungido nas urnas, um poste que não reclame heranças malditas, nem tenha o hábito de olhar pelo retrovisor.

A democracia republicana ainda não conseguiu moldar os três poderes em trindade divina e não é por falta de santos.

É por excesso de pavonice, um mal incurável que contamina os que conseguem ascender  ao poder, e ao planalto central.

Quando o primeiro imperador, para ser rei além-mar teve de deixar uma criança pastorando a nação, foi que tudo começou.

Na onda das novas formas de governo, a república copiada dos brothers do norte foi recebida com festas,  e entregue aos marechais.

Desde então, fumou-se tanto cachimbo na pindorama, que as bocas entortaram.

O traço fisionômico, hereditário foi sendo transmitido às novas gerações, involuindo para o costume de passar  o comando, por eliminação, ao menos ruim.

Como na política, pássaros queimados não renascem das cinzas, outros saem em vôos cada vez mais baixos, titubeantes, sem a altivez que o voto popular deveria conceder ao líder do bando, na formação em V de vitória.

O curto, e mal-sucedido, período de parlamentarismo, manteve sob rédeas curtas um presidente acusado de avançar nas reformas sociais necessárias, mas  inibe a volta do sistema que funciona e dá certo na maioria dos países, repúblicas, reinos e  monarquias.

Os representantes do povo guardam uma semente  envenenada que sempre  brota no solo fértil das tramas políticas.

O impeachment, esquecido num canto da biblioteca das leis, é prontamente encontrado quando se pretende mudar rumos ou o mestre-arrais do barco furado, à deriva.

Tudo que se precisa, é permutar o que é longo, demorado e paralisante, por um ato simples.

Um voto de confiança (ou não) ao primeiro-ministro, resolve.

E para não dizer que não falamos das frutas…

Yes, nós temos jabuticabas.

O semipresidencialismo caboclo vem aí.

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Parlamento inglês (1833)- George Hayter – Galeria Nacional de Retratos, Londres

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