QUINTANA COM FILTRO
“De repente tudo vai ficando tão simples, que assusta.”
E a gente sem palavras para expressar o sentimento que acompanha nossas vidas, guardada numa maleta de mão, jogada no bagageiro do último vagão da vida.
“A gente vai perdendo algumas necessidades, antes fundamentais e que hoje chegam a ser insignificantes.”
Vamos mudando de poltronas e de colocação, no ranking das preocupações.
“Vai reduzindo a bagagem e deixando na mala apenas as cenas e pessoas que valem a pena.”
Esquecendo o supérfluo, e quem passou em nossas vidas, sem merecer uma mísera notinha de rodapé.
“As opiniões dos outros são unicamente dos outros, e mesmo que sejam sobre nós, não têm a mínima importância.”
Chance zero que, um dia, todos vão pensar como a gente, finalmente é admitida.
“Vamos abrindo mão das certezas, pois com o tempo já não temos mais certeza de nada.”
Se bem que a única certeza, sempre arranja um jeito de fugir do pensamento.
“E de repente, isso não faz a menor falta. Paramos de julgar, pois já não existe certo ou errado, mas sim a vida que cada um escolheu experimentar.”
Descobrimos que neste tribunal de júri, entramos como magistrados e antes do veredicto, nos vemos réus.
“Por fim, entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego.”
E descobrimos que a paz e o sossego eternos começam a ser treinados nesta parte finita da eternidade.
“É viver sem medo, e simplesmente fazer algo que alegra o coração naquele momento.”
Carpe diem.
“É ter fé.”
Confiar.
“E só.”
E tudo.
Nota do Redator
Os trechos destacados, retirados do artigo “De repente” da jornalista e escritora carioca Elaine Matos, publicado em dezembro de 2013, têm circulado livremente nas redes sociais, atribuídos incorretamente a Mario Quintana.
(Este texto foi publicado em 28/12/2022)