RECEITA CHINESA
Esgotadas as desculpas da herança maldita deixada por governos anteriores, até dos que emprestou apoio e participação, a Governadora Maria de Fátima tem agora um novo culpado por não ter feito como prometido.
Desta vez, o vilão, réu confesso, não divide conta nem transfere responsabilidades.
Mesmo quando nem o Dr. Dráuzio acreditava que a pandemia chegasse aos trópicos, sua caravana de prospecção de novas invasões, pisava no surrado tapete vermelho das festas reservadas a turistas pagando em euro e endinheirados de volta dos carnavais mediterrâneos, sem qualquer controle sanitário.
O único voo de passageiros para além do mar de fora, ainda continuou sem controle, até ser suspenso por óbvias razões. Nos confinamentos, as bundas ocupam outras poltronas.
Agora, a solitária linha de cargas bate asas e vai pousar a mais 300 kms de distância de casa, deixando um aviso e uma esperança no hangar.
Auf wiedersehen. Nos veremos de novo.
Tomara.
Voltamos à condição de capital espacial, cidade satélite, dependente das metrópoles regionais.
O inerte e balofo paquiderme, esquartejado em dois. Uma banda, como no tempo das capitanias, maurícia; a outra, atraída pelos mascates de alencar.
Com mapa astral cintilando eclipses, é prevista uma penosa recuperação da economia.
Nossos problemas não serão resolvidos apenas com a abertura do comércio. Do Alecrim. Nem da Cidade Alta e Ribeira. Nem mesmo com os shoppings que voltarão cheios de painéis coloridos das paradisíacas praias, escondendo as lojas que a crise fechou.
Depois da arribação dos pássaros metálicos, voltamos ao tempo que o portão de embarque era a BR 101 e o turismo, um folder pra inglês ver.
Sob rigorosa dieta à base de salários, proventos, pensões, soldos, bolsas-família e auxílios emergenciais, os outros gastos só serão possíveis com mais impostos e descontos de contracheques.
Verdade capitalista que nenhuma socialista de sindicato ousa negar.
A lição que os chineses aprenderam dos americanos e repassaram em curso intensivo ao Consórcio Nordeste, foi bem entendida da forma mais pragmática.
Não há yakisoba grátis.
Alguém paga a conta.
Até da compra de respiradores que somem no ar, soprados por ventos de 48,7 milhões de reais.
Sem dúvidas esses “texículos” do esculápio, como Paulo Macede chamava os médicos na era dos anos setenta, proporcíonam uma ótima leitura matinal do madrugador escriba.