5 de maio de 2024
Imprensa Nacional

REPÓRTER POR UM FIO

Telefone de lata II – Ivan Cruz


A depender da analista política do canal de notícias mais famoso do mundo, não só
Chile e Equador seriam banidos da América Latina, como  o lema positivista na flâmula pátria, trocado por um mais revolucionário.

E o iPhone QAPQRSLBT+ ainda estaria esperando que seus antecedentes analógicos cumprissem trâmites da burocracia alfandegária.

Se o Grito do Ipiranga tivesse acabado com a monarquia, como afirmado pela debatedora, não registraria a História, os 49 anos de reinado do Imperador Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, o Pedro II, coroado – como um príncipe em festa de debutantes – aos 14 anos de idade.

Nem o Brasil teria vivido um período de tanto progresso, seguindo os rastros do seu monarca viajeiro.

Quando  Pedro Banana voltava de uma das muitas longas viagens, saudado no cais de pedras, por mocinhas francesas, jovens polacas e por batalhões de mulatas, ninguém conhecia ainda aquele objeto que o  havia encantado na exposição de Filadélfia, em 1877.

Agora,  contam-se os dias de  sobrevivência de um dos maiores inventos da humanidade.

E não é porque deixou de ser útil.

Continua tão necessário quanto em 1860,  quando o inventor florentino Antônio Meucci, refugiado politico em Nova Iorque, criou um meio de comunicação entre sua oficina, no térreo e o quarto da mulher, com reumatismo, no primeiro andar.

O italiano não foi muito feliz na escolha do nome da engenhoca.               

Teletrofone.

Sem patente, recebeu como prêmio de consolação,  a glória de ter bolado o precursor do telefone.

113 anos depois de sua morte, em 2002 , o congresso americano reconheceu seu pioneirismo.

Os louros,  a fama e a grana já haviam sido gozados  pelo yankee. Graham Bell.

No paraíso subequatorial, começou ligando repartições públicas, lojas maçônicas e o quartel do corpo de bombeiros, expandido graças à iniciativa privada e à Telephone Company of Brazil.

Sobreviveu ao furor perdulário estatal até ser vencido pelas crises econômicas, as novas tecnologias e pela privataria tucana.

Calcula-se que não completará o sesquicentenário em terra brasilis.

Ou alguém, além da madame da CNN, ainda imagina mais cinco anos de sobrevivência?

 

Ivan Cruz, artista plástico carioca contemporâneo

 

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