RESENHA DA FESTA, POR UM ISENTÃO
Se bem que a data fechada de rombo merecesse, ninguém esperava tanta movimentação, festa e alegria.
Segundo quase todos os institutos de pesquisas, o povão que já emitiu a fatura antecipada no primeiro turno, não iria comparecer.
Nem vestido de preto, quanto mais, de cara pintada.
O que não faltou, foi secação para que o povo, de novo, não saísse de casa.
As aves agourentas, de vôos mais supremos, chegaram a insinuar, em seus despachos infalíveis, que viam sinais de perigo e violência no ar, na terra e no mar.
Proibiram as armas, os caminhões e os canhões apontando contra os chapadões.
Os barões assinalados não compareceram, mas somente a imprensa que apoia a regulação da mídia concorrente deu pela falta deles.
Antes que carros pretos confiscassem os estoques, as bandeiras já estavam esgotadas no comércio popular do Alecrim, e não faltaram nas fotos sem photoshops.
Na véspera, um fatídico acidente com paraquedistas, antes de lastimado, foi cristãmente anotado, como sinal de desaprovação pelos deuses e prenúncio de coisas piores.
Não houve flagrantes delitos de alguma turma que desfralda bandeirola por dez merréis e um sanduíche de mortandela.
Celulares não foram surrupiados.
As vidraças do Bradesco não foram apedrejadas.
Nenhum repórter da press-lixo, hostilizado.
O núncio apostólico não benzeu a multidão, nem rezou o padre-nosso.
Ninguém pode negar é que teve gente em banda de lata.
O Presidente de Portugal esbanjou civilidade, dois meses depois do desconvide para uma boca-livre.
Aproveitou, e deu sua aula de reforço de História que o cadete já não lembrava dos tempos das Agulhas Negras, e ainda dispensou a solidariedade do portal do jornalão que viu constrangimento na faixa com mensagem anti-aborto.
Como se na terrinha não tivesse também quem defenda a mesma causa, a família, a propriedade e a democracia.
Depois que os saltitantes randolfes de sempre espernearem, é bom que tratem logo de suspender as manifestações de outra quarta-feira, no dia santo de guarda por Nossa Senhora Aparecida.
Vai que tem segundo turno…
A boiada adora uma cavalgada.