1 de maio de 2024
Política

RESENHA DA FESTA, POR UM ISENTÃO

Independência ou Morte (1988)- Pedro Américo – Museu do Ipiranga – São Paulo


Se bem que a data fechada de rombo 
merecesse, ninguém esperava tanta movimentação, festa e alegria.

Segundo quase todos os institutos de pesquisas, o povão que já emitiu a fatura antecipada no primeiro turno, não iria comparecer.

Nem vestido de preto, quanto mais, de cara pintada.

O que não faltou, foi secação para que o povo, de novo, não saísse de casa.

As aves agourentas, de vôos mais supremos,  chegaram a insinuar,  em seus despachos infalíveis, que viam sinais de perigo e violência no ar, na terra e no mar.

Proibiram as armas, os caminhões e os canhões apontando contra os chapadões.

Os barões assinalados não compareceram, mas somente a imprensa que apoia a regulação da mídia concorrente deu pela falta deles.

Antes que carros pretos confiscassem os estoques, as bandeiras já estavam esgotadas no comércio popular do Alecrim, e não faltaram nas fotos sem photoshops.

Na véspera, um fatídico acidente com paraquedistas, antes de lastimado, foi cristãmente anotado, como sinal de desaprovação pelos deuses e prenúncio de coisas piores.

Não houve flagrantes delitos de alguma turma que desfralda bandeirola por dez merréis e um sanduíche de mortandela.

Celulares não foram surrupiados.

As vidraças do Bradesco não foram apedrejadas.

Nenhum repórter da press-lixo, hostilizado.

O núncio apostólico não benzeu a multidão, nem rezou o padre-nosso.

Ninguém pode negar é que teve gente em banda de lata.

O Presidente de Portugal esbanjou civilidade, dois meses depois do desconvide para uma boca-livre.

Aproveitou, e deu  sua aula de reforço  de História que o cadete já não lembrava dos tempos das Agulhas Negras, e ainda dispensou a solidariedade do portal do jornalão que viu constrangimento na faixa com mensagem anti-aborto.

Como se na terrinha não tivesse também quem defenda a mesma causa, a família, a propriedade e a democracia.

Depois que os saltitantes randolfes de sempre espernearem, é bom que tratem logo de suspender as manifestações de outra quarta-feira, no dia santo de guarda por Nossa Senhora Aparecida.

Vai que tem segundo turno…

A boiada adora uma cavalgada.

 

Paz e Concórdia (1895) – Pedro Américo- Museu de Arte Moderna Assis Chateaubriand, MASP, São Paulo

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