REVENDO O DIÁRIO DE VIAGEM DOS TEMPOS DA PANDEMIA
O longo período de quarentena e o lento retorno às atividades, permitiram que nos primeiros a sair do cativeiro, depois de liberados pelas autoridades sanitárias, renascesse a vontade de todo viajante.
Compartilhar sua experiência.
Única.
Singular.
Para sair do casulo, além das trilhas bem batidas das farmácias e supermercados, só uma motivação muito especial, para uma aventura mais afoita.
Um coração com estresse redobrado, sem exercícios e de novo inundado de gordura e chocolate, batendo fora do ritmo, não se deixava levar para o hospital mais próximo.
Ele mandava um e-mail para o arritmologista que orientava, prescrevia e já marcava a consulta para o próximo dia útil, como se as agendas acostumadas a encaixes, tivessem sido recolhidas aos museus.
Salas de clínicas , sem mais esperas.
Nem conversas.
Nem trocas de sintomas e doenças, com o vizinho.
Ninguém próximo pra se puxar conversa.
Nem tempo pra reclamar da demora.
Nem perguntas nervosas à recepcionista, de quantos aguardavam na fila.
Impacientes.
No segundo dia do tour, o itinerário reservava tempo livre entre a coleta de sangue e os testes de resistência física, para uma refeição frugal.
Um simples café-da-manhã passou a ser uma experiência inédita para qualquer explorador de novos costumes.
Mesmo se na mesma padaria, da mesma esquina de sempre.
Logo na entrada, o cuidado com o perigoso cliente que tinha a temperatura medida, sem contato algum, com um aparelho que parecia uma pistola do exército chinês.
Higienizar as mãos era obrigatório e até luvas descartáveis estavam disponíveis para quem optasse pelo self-service.
Sinalização, esmerada.
Ninguém tocava no outro.
Era só seguir o fluxo, que não tinha erro.
Sem precisar dizer uma só palavra.
Um grego não teria a menor dificuldade, mesmo que em português só soubesse dizer mutchobligade.