Revista diz que Ministro Fábio Faria usa “casa secreta” para articulações do Governo Bolsonaro

O protagonismo no cenário nacional tem ônus e bônus.

A sexta-feira do Ministro Fábio Faria (PSD) na capa da revista Crusoé, do grupo do Antagonista, a prova disso.

Segundo a matéria, o ministro usa uma “casa secreta” em Brasília de um industrial da FIESP para resolver pauta de assuntos do Governo “misturando com interesses privados”.

A pauta também aborda conspirações do próprio Fábio para queimar ministros e exemplifica com o Ministro General Ramos. 

De plus, fala em festinhas noturnas com direito a show ao vivo em plena pandemia. Diz que o Ministro do Meio Ambiente foi um dos homenageados pelo cantor da ocasião.

Abaixou trechos da matéria de três páginas.

O novo ministro das comunicações, Fábio Faria, é um assíduo freqüentador do local. Desde que assumiu a cadeira, há um mês, ele vem usando o endereço para reuniões que, por diferentes motivos, não aparecem no seu rol de eventos especiais, cuja publicidade é obrigatória. 

Nessa quarta-feira, 15, Fábio Faria chegou ao local na hora do almoço, a bordo do carro oficial de ministro, com placa verde-amarela. Um serviço de buffer havia sido contratado para fornecer a comida.  Faria tinha marcado uma reunião às escondidas com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente a câmara dos deputados, Rodrigo Maia. Queria aproximá-los . A relação de Guedes com Maia andava estremecidas havia tempos. A ideia do ministro das Comunicações, amigo de ambos, era que eles aproveitassem a oportunidade para aparar as arestas. Pouquíssimas pessoas em Brasilia tinham conhecimento do encontro, que só vazaria para jornalistas no dia seguinte. 

Muito provavelmente, nem Guedes nem Rodrigo Maia sabiam ao certo onde estavam pisando. Mas deveriam saber. O lugar que Fábio Faria tem usado regularmente para is encontros que não quer fazer em gabinete da Esplanada exprime uma indesejada mistura de interesses públicos e privados, aquela combinação que está desde sempre na origem de muitos dos escândalos do poder. 

A quarta-feira foi exemplar da maneira que o ministro tem usado o bunker. Já era quase meio da tarde quando Fábio Faria deixou a casa. À noite, ele voltaria, em mais uma indicação de que o imóvel no Lago Sul se transformara em uma espécie de gabinete paralelo. 

Por volta das 21 horas, o ministro chegou, de novo no seu carro oficial. Ele já era aguardado no local por pelo menos duas pessoas e enredaria conversa até perto da meia-note. Naquela noite, uma das interlocutoras de Faria foi Martha Seiller, secretária especial do PPI, o Programa de Parcerias de Investimentos, por meio do qual governo federal pretende firmar parcerias público-privadas. Também;em passou por lá Daniella Marques, assessora especial e estrategista do ministro Paulo Guedes. 

A conversa com Danilella Marques, a superassessora de Paulo Guedes, ilustra bem isso: Faria participa, nos bastidores, de uma costura para torná-la ministra da Secretaria de Governo, no lugar do general Luiz Eduardo Ramos. Em conversas reservadas nos últimos dias, o próprio Paulo Guedes não se opôs à ideia. Rodrigo Maia, d quem Daniella é próxima,  avaliza. O passo seguinte parte ser o mais difícil: convencer o Presidente Jair Bolsonaro. 

O assunto tratado com Martha Seiller, a chefe do PPI, também guarda relação com as guerras internas do governo: Fábio Faria, cacifafo, por Rodrigo Maia, quer tirar de Salim Mattar, secretário especial de Desestatização, Desinvestimento. Mercados do Ministério da Economia, o poder de decisão sobre a privatização de empresas ligadas à pasta das Comunicações – é o caso da EBC, da Telebrás e dos Corrieos. Ele quer tomas as rédeas do tema, e entende que Mattar, por não ter a boa interlocução no Congresso, atrapalha os planos. Seiller ;e vista pelo ministro como uma possível aliada na estratégia. 

Fábio Faria diz que não tem qualquer relação com as badaladas festas realizadas na casa em meio à pandemia – a outra face das atividades do imóvel, que segundo os vizinhos é utilizado apenas para eventos e reuniões. Uma dessas festas, porém foi organizada justamente para a posse dele como ministro do governo Bolsonaro. Entre os convivas estava o ministro, Ricardo Salles, do Meio Ambiente.

TL COMENTA

A matéria provavelmente não existiria ou não pereceria o destaque dado se o ministro potiguar não fosse hoje dos mais próximos ao Presidente Bolsonaro e ao núcleo do poder.

Não traz nenhuma imputação de crime a Faria, mas sugere relações pouco transparentes e republicanas para um ministro há um mês no cargo.

Faz parte do jogo, e FF conhece as cartas e sabe quando não pegou uma boa mão…