2 de maio de 2024
Política

SENADOR POR UM DIA

O menino Mário Hermes da Fonseca, sobrinho-neto de Deodoro, no quadro Ato de assinatura do Projeto da 1ª Constituição (1890), de Gustavo Hastoy


Além de empresário, hoteleiro, agropecuarista e principalmente, chefe político, o
Majó Theodorico Bezerra foi um profeta visionário.

Muito se tem comentado que o deputado quase  a vida toda, se vivo fosse, ou de onde seu espírito estiver (e se ainda se interessar pela  coisas da política terrena), estaria insatisfeito com a filiação partidária da descendência.

Há até quem dramatize, nestas situações, a posição dos corpos em repouso eterno nos cemitérios.

Entre os muitos aforismos que o oficial de patente honorífica não cansava de repetir, um é lembrado, decorridos 26 anos da sua última peleja.

– Quem é coxo, parte cedo.

Foi o que ele próprio fez, mal recuperado da inesperada e desconcertante derrota para a zebra vestida de batina.

Tratou logo de avisar que tinha vaqueiro de novo na pista.

Mandou em todas as cidades e vilas, onde tivesse muro largo, abrir letreiros.

JK Theodorico 65.

Estava na área.

Declarava o voto ao presidente proibido de se candidatar, faltando só acomodar o próprio cargo  nas mesas da negociação e conchavos ao pé do ouvido.

Pelo tamanho da fonte escolhida pelo protomarqueteiro, era  candidato a governador.

A mensagem visual pode ser vista também como uma profecia .

Quem acredita na Cabala e na força dos números, não duvida que o avô aceitava ali, a tendência ideológica de algum  neto, profetizando até  qual  partido, na falta do velho e inimitável PSD, seria filiado.

Partido de número 65.

PC do B.

O comunismo que chegou camuflado na caatinga, é herança atávica. Graças a Deus e ao Frei Damião de Bolzano, foi implantado pacificamente.

Ser filho de imigrante galego,  latifundiário, senhor de engenhos de cana-de-açúcar, não impediu Fidel Castro de ingressar no Partido Comunista e tornar-se ditador.

Como Cuba, Uirapuru também foi uma experiência de república socialista, comandada pelo braço forte do seu proprietário e imperador.

A história mostra que a elite dominante goza privilégios e impõe as regras, nos países que buscam a igualdade para todos os cidadãos.

Nas terras do Trairí, a  participação popular era ardentemente estimulada.

O dirigente máximo soube usar com maestria,  dos meios de comunicação disponíveis, panfletos e amplificadoras de som, para a doutrinação ideológica em longos, quase intermináveis discursos.

O patriotismo, animado por grandes desfiles nas datas cívicas.

Pelotões de estudantes, trabalhadores, animais, máquinas e implementos agrícolas  reforçavam o amor à terra natal e enalteciam o valor do trabalho.

Obrigatórios, o título eleitoral e o voto a um só e único partido. Social e Democrático.

Sistema de ensino invejado pela vizinhança, voltado para a formação de professoras, artífices, técnicos e necessidades da comunidade.

Trabalho garantido e todos os meios de produção, sob controle único do gestor totalitário.

Rigoroso desarmamento civil. Proibição de porte de armas, sendo permitida a cada habitante, a posse de uma só.  Faca-peixeira de até 12 polegadas, para uso exclusivamente a trabalho.

Comércio de gêneros de necessidade sob guarda e distribuição da administração central e racionamento dos quantitativos controlados em cadernetas de consumo.

Doutrinação para uma convivência saudável, harmônica, sem vícios nem falatórios da vida alheia.

Controle rigoroso de hábitos nefastos. Erradicação do alcoolismo, jogatina e vagabundagem.

São muitas as conquistas de um estado-laboratório que tem muito para  ser difundido na eventualidade de assumir o honroso cargo, o primeiro senador comunista genuinamente papa-jerimum.

***
Publicado em 11/8/20, o texto se completa com a posse do Senador Theodorico Bezerra Neto, que cumprirá um dos mandatos mais curtos da história da câmara alta.

Empossado numa sexta-feira, na prática, terá somente a terça, o dia que começa a semana parlamentar, para posar no plenário.

Na quarta, passa o broche ao neto de Djalma Marinho, outro  senador frustrado nas urnas.

 

Ato de assinatura do Projeto da 1ª Constituição (1890) – Gustavo Hastoy – Salão Nobre do Senado Federal, Brasília

One thought on “SENADOR POR UM DIA

  • Luíz Costa

    Essas coisas de família são poderosamente seguidas na linhagem e as vezes na ousadia, sigamos camaradas!!! Parabéns ao aprendiz que foi e é Doutor. Sem virgulas.

    Resposta

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