SÓ ELAS NO COMANDO
Todos à toa na vida, esperando a pandemia passar.
A data mais esperada, ainda não está marcada no calendário.
Chegará o dia.
A esperança sonhada, quando a vida em câmara lenta, num passe de mágica, pai-de-santo ou comando fast-forward, voltar a acelerar.
Todos correndo atrás dos prejuízos, dos negócios interrompidos, da recuperação do PIB. Do aumento da produção e vendas. Dos sentimentos congelados. Dos amores interrompidos.
Há quem pense que nada vai mudar.
Que pouco tempo depois, tudo já estará de volta ao normal.
Que sobrarão apenas as lembranças do confinamento e a saudade dos que foram tragados pelo tsunami que veio do oriente.
O certo é que não se tem certeza se haverá um marco.
O antes e o depois.
Um novo AC/DC.
O que já se sabe, e só desconhece ou duvida, quem ainda não parou pra pensar.
Desta vez as mulheres viraram o jogo.
Assumiram de vez o comando.
Com sutiãs salvos das fogueiras, sem novos projetos de lei, sem pesquisas nem eleições. Sem passeatas nem gritos de guerra. Sem papo chato de feminista machista.
Com leveza e beleza.
Agora é com elas.
A pandemia rearrumou a ordem mundial e as peças do tabuleiro mudaram de lugar.
Finlândia, Noruega, Alemanha, Taiwan, Nova Zelândia, Islândia, Dinamarca, países governados por mulheres, sob firmes comandos, enfrentaram melhor a tragédia.
As profissões trocaram de quadrado e importância no organograma que rege a vida.
Uma dança de poucos cavalheiros, sob o comando silencioso da nova rainha.
Nas novas regras da nova coroa, CEOs, supervisores, superintendentes, traficantes, pilotos, coronéis, juízes, jogadores de futebol, gerentes e tantos mais cargos masculinos foram transferidos para o departamento do pessoal em disponibilidade.
Na salinha ao lado do freezer.
Quando o vendaval passar, cada caso será analisado individualmente.
Antes do próximo PDV.
Agora, as ocupações essenciais são outras.
Cargos vitais que já vinham sendo ocupados por elas. E ninguém dava conta. Nem valorizava.
Em cada dez enfermeiros, nove são mulheres. A proporção é semelhante em relação aos auxiliares de enfermagem e terapeutas respiratórios.
A maioria dos farmacêuticos e dos auxiliares e técnicos de farmácia, disputa o campeonato da liga das mulheres.
Ficar vivo e viver.
Rezar e comer.
Mais de dois terços dos trabalhadores em caixas de supermercados são mulheres.
São quatro enfermeiros para cada policial. E ainda os hospitais reclamam da escassez de gente pra cuidar. E salvar mais gente.
Nesta massa de trabalhadores em funções indispensáveis e insubstituíveis, quatro em cada cinco são mulheres.
Nos lares em quarentena, tarefas distribuídas sob as ordens de quem detém o conhecimento. E tem aptidão e tino gerencial.
A partir de agora, ações nobres, planejamento e estratégia dispensam a participação dos que foram formados para cumprir ordens.
E lavar pratos e vasos sanitários.