30 de abril de 2024
ComportamentoCoronavírus

SOPRADOS PELO VENTO

 

BFF92B33-AC7C-4FE0-AD80-74A89992E125
Soprados pelo Vento, companhia mercenária das Cidades Livres, em Game of Thrones


Se eram ou são os deuses astronautas, permanece a incerteza.

A humanidade sempre acreditou que os problemas do planeta seriam resolvidos com intervenções externas.

Do além.

Cósmica, celestial, alienígena, transcendental, divina.

Não são poucos os que procuram vida inteligente, fora da bolha da atmosfera.

Relatos de avistamentos de objetos voadores não identificados e de seus tripulantes, são encontrados em toda parte.

Seres diferentes, mas ainda parecidos. Humanóides.

Neste assunto, a imaginação viaja à velocidade da luz.

A ficção encarrega-se do resto e de levar para telonas e telinhas, episódios edificantes, sombrios, devastadores, atemorizantes, poéticos. Do bem e do mal.  Todas, histórias fascinantes.

A mais famosa conta que em 1947,  em Roswell, uma cidadezinha perdida no deserto do Novo México, uma nave alienígena teria caído no areal.

Mortos, sobreviventes e os restos da fuselagem foram recolhidos pelo governo.

O caso permanece encoberto de  mistérios. Evidências escondidas, em bases ultra-secretas e arquivos subterrâneos.

Já passa de 40 anos, que na  pequena Casimiro de Abreu a 140 kms do Rio de Janeiro, um senhor de aparência comum, vindo não se sabe de onde, com sotaque nordestino, anunciou a chegada próxima, de uma nave de jupiterianos que fariam os primeiros contatos com os terráqueos e suas autoridades.

O local previamente marcado, como se os visitantes dispusessem de GPS, foi logo cedido para a aterrissagem. Limpo, aplainado, enfeitado com bandeirinhas e mensagens amistosas.

A prefeitura preparou recepção oficial e a lembrança de boas vindas.

Sem ao menos saber se os hóspedes tinham o hábito da leitura, embrulhada em papel de presente, os esperava, uma enciclopédia inteira.

Na hora aprazada, o  inesperado adiamento do pouso, atribuído à invasão da área pelos curiosos, gerou frustração e quase acaba em pancadaria.                       

O profeta faleceu poucos meses depois, de frustração, e complicações do diabetes.

Um nova data para a abortada visita nunca foi marcada.

O mundo não seria transformado a partir do país abençoado pelos deuses da espaçonave e bonito por natureza.

Maltratado, descuidado, superpovoado, cheio de conflitos internos e problemas no sistema de arrefecimento,  em trajetória errante e destino ignorado, o planeta azul ainda desperta interesse externo.

Há dois anos,  o desembarque de outros invasores não deu margem a reações. Só ao pânico generalizado.

Chegaram sem aviso prévio, sem arautos, sem escolher interlocutores.

Imprevisíveis e invisíveis, na guerra não declarada, adotaram tática de múltiplas frentes de batalha.

Combatentes, com determinação, avançaram, transformando os rendidos, em multiplicadores das suas políticas e regras, nos territórios ocupados.

Divisões internas e de crença, impedem que a mensagem que é clara e objetiva, seja entendida.

É a mesma que o adivinho Bob Zimmermann canta há muito tempo: Ela está soprando ao vento.

A maneira de viver dos habitantes da Terra precisava mudar.

Esperava-se que depois da pandemia, viesse a bonança, mas a ocupação não dá sinais que tenha data marcada para acabar.

A vacina, de passaporte permanente  para a vida de antes, transformou-se em autorização provisória para atividades de um novo normal, que não se sabe bem como será.

Que nos leve a  uma vida mais simples, mais longa e mais fraterna.

Em paz.

(Este texto contém novas reflexões sobre tema publicado em 19/03/2020)

5B36D602-DFAC-4F81-9374-8F7DFE638C56
Príncipe Esfarrapado, fundador e capitão da companhia Soprados pelo Vento, Game of Thrones

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *