2 de maio de 2024
Coronavírus

SOUVENIR DU SILENCE

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Em  80 dias, já deram voltas ao mundo.

Neste mesmo espaço temporal, em isolamento, se fabrica saudades.

Das pessoas. Dos convívios. Dos lugares.

Das coisas mais inusitadas. Até das desagradáveis.

Há quem não veja a hora de reclamar da demora do garçom, em dar atenção a quem chegou há inaceitáveis três minutos. E quem prepare a emoção para quando terá que responder pela primeira vez, aceita um cafezinho, senhor?

Quem sai da toca para a caça do essencial tem reclamado da falta do barulho das ruas.

O pico da curva do silêncio já terá sido atingido no próximo veraneio?

(Publicação original em 04/04/2019)

GUERRE AU BRUIT (AQUI É NÓIS)

Sai governo, entra ano, acaba o veraneio e não vejo nenhuma novel autoridade encarar, mesmo que seja  “de frente”,  a poluição sonora estival.

Na Barra do Rio surge um exemplo que pode banir as músicas reeiras para além das 200 milhas náuticas.

Um tour de force de senhoras francesas e paraibanas para baixar o som das caixas.

Que o diga um bacana que depois de desfilar com o SUV dos SUVs, engatar o jetski e desfilar engatado com uma louraça-koleston, resolveu compartilhar com os vizinhos seu refinado gosto musical.

Depois da centésima audição da Dança da Minhoca , as destemidas madamas tomaram a decisão de invadir o território hostil.

Sem dificuldade, dominaram o quartel general  do exército do barulho onde  todos dormiam como se estivessem anestesiados pela repetitiva melodia.

Desligado o som, o silêncio só não voltou a imperar na Bouche de la Rivière  porque as vitoriosas voltaram do embate brandindo o grito de guerra:

-Fils de pute …Fils de pute …

Ici c’est -nous!

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