2 de maio de 2024
CULTURA

TRABALHO FACULTADO

5CDEB9BD-E0BE-464E-AB62-9385B3F5398CO distanciamento social fez-se necessário e  as pessoas e negócios logo se adaptaram. A produtividade foi mantida ou aumentada. Os custos desabaram.

Mais da metade dos funcionários-colaboradores que passaram a trabalhar à distância, deverão permanecer neste regime por opção das empresas.

No mundo do serviço público, a metereologia é diferente. Sob trovoadas, ou todos em casa, ou todos nos seus birôs.

Foi só a folhinha marcar as datas do Carnaval, mesmo que este ano ninguém estivesse com alegria acumulada para explodir em festa e folia, para a engrenagem burocrática entrar em ação. Na sua lógica   peculiar, sem atravessar o ritmo de sempre.

Alguém lembrou que o ócio é o pai de todos os vícios. E que uma mente desocupada não cultiva virtude alguma.

Assim, foram revogados os pontos facultativos que datam dos tempos da oligarquia Maranhão.

Pouco importa se alguns dias a mais de recolhimento  podem ajudar na contenção da contaminação, a ordem é aglomerar todos, nos seus locais de trabalho.

Mesmo que as classes mais produtoras já tivessem decidido que naqueles dias não haveria negócios.

Quem é macaca velha nestes assuntos de produtividade estatal sabe que a mudança no curso das águas por onde navegam, lentamente,  as imensas balsas carregando pilhas de processos, empenhos, despachos, memorandos e solicitações urgentes, só serve para retardar ainda mais a penosa viagem.

Que em dias de comparecimento opcional, ninguém aparece para remar sozinho.

Os motores serão desligados.

Os elevadores permanecerão parados, com a manutenção terceirizada, de folga.

Todos os sistemas cairão. E o estagiário nerd que resolve os pepinos, estará também ausente.

A moça do cafezinho virá com suas desculpas depois que tomar as cinzas que recuperam forças.

Quantos não terão apresentado sintomas iniciais e por precaução mais do que adequada, não evitaram que o mal se propagasse mais ainda?

Conta o anedotário do serviço público estadual que um alto dirigente, no exercício do mais elevado posto de função comissionada, tendo publicado portaria disciplinando o não funcionamento da repartição nos dias de farra, indagou se era costume a volta à normalidade no segundo período da quarta-feira de cinzas.

A segurança da resposta fez o chefe que queria dar o bom exemplo, antecipar a volta do lazer praiano.

Na hora H, no expediente D, o paletó deixou o espaldar da Giroflex mas a Bic não saiu do bolso.

O tempo passou junto com uma espera razoável e das almas, das vivas, nenhuma apareceu. Nem para a resenha dos dias de entrudo ou descanso.

Este ano, o mais diferente de todos, a Quaresma começou mais cedo.

74E76A26-48E3-43B0-8C39-610CA129B65B

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *