UM APOIO AO AMIGO GERALDO BATISTA
Sem o cajado, Moisés não teria salvo seu povo da escravidão no Egito, aberto o Mar Vermelho e conduzido tanta gente até a terra prometida.
Equipamento presente em episódios da histórica e frequente nas estórias de ficção.
Grandes mestres da pintura descobriram seu simbolismo e elemento estético.
Ao longo do tempo, diminuiu de tamanho e ganhou em portabilidade, sem comprometer a eficácia.
Na região espremida entre a Índia e Bangladesh, os portugueses foram encontrar o modelo que disseminaram pelas suas colônias, incluída Pindorama, a terra dos papagaios.
Feitos de material abundante, leve, resistente, retirado de planta fácil de cultivar e colher, os pequenos cajados de cana-da-Índia não poderiam receber outro nome que não bengala.
Na procura incessante pela eterna juventude, virou o símbolo dos que beberam todo o elixir, mas não pararam de envelhecer.
Chegará para todos, a hora que a necessidade vai vencer o preconceito.
Ossos enfraquecidos, músculos cansados, vistas e oiças na penumbra, avisam que somente duas pernas já não bastam.
O tempo de aperfeiçoar e ajudar a natureza é antes do primeiro acidente causado pela falta de equilíbrio.
Vendo a vida dos umbrais dos 90 anos, o sempre jovem professor Geraldo Batista de Araújo se mantém ativo, produtivo, sábio e com a mente aberta, sub-40.
Enxergando só por um olho, perdeu a sensação tridimensional e a percepção de profundidade.
Equilíbrio comprometido.
Em dúvida se é chegado o momento do apoio externo, recebe o incentivo do amigo:
– Com aquele seu chapéu panamá, a bengala vai ser só charme.
(Publicado em 02/12/2019, este texto fecha a trilogia com o Professor Geraldo Batista de Araújo, o personagem aniversariante de 90 anos da semana)