7 de maio de 2024
ComportamentoSexualidade

UM BANHEIRO PEQUENO DEMAIS PARA TODES

Andrógino – Ismael Nery (1900-1934) – Coleção Luis Fernando Nazarian, São Paulo


Vira e mexe surge como nova, a velha polêmica sobre o uso dos mictórios (nome inadequado,  já que  atendem também o n° 2) por
ambos os três ou quatro sexos.

Há quatro anos, as manchetes dos jornais registraram que na Assembleia Legislativa de São Paulo, pediram a cassação de um deputado por haver se excedido numa discussão com uma parlamentar sobre projeto de lei que tratava da matéria: pau é pau mas, se quiser, pode ser pedra.

A congressista, nascida com sexo masculino e seu colega, recém saído do armário.

Jogando no mesmo time, em posições diferentes, os preclaros parlamentares  não se entendiam, imaginem quem pouco estudou no grosso livro do identitarismo.

A eleição de um jovem advogado de 26 anos, vindo das comunidades periféricas, com estágio na câmara de vereadores de Belo Horizonte, como o deputado federal mais votado do país, com quase 1,5 milhões de votos, traz de volta o assunto para o centro do debate.

Para que esta montanha de votos não seja jogada no lixo, uma singela sugestão merece ser analisada.

Simples assim.

Basta que se tornem obrigatórios também os banheiros individuais.

Quem estiver apertado(a), num shopping ou restaurante e tiver dúvida sobre a própria identidade sexual,  vai de Über.

Sozinho(a).

A solução atende a todos, todas e todes.

Livra de constrangimentos,  mulheres vestidas de homem que ainda não tenham aprendido a urinar de pé, e homens vestidos de mulher que não perderam o hábito da balançadinha final.

Evita também que os menos dotados façam  comparações decepcionantes.

Banheiro individual é como o jogo de São Severino: entra homem, mulher e menino.

Não discrimina travestis.

Nem deputado de peruca loura.

 

Figura (1927) – Ismael Nery – Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

 

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