28 de abril de 2024
CoronavírusPolítica

UM CASO DE PEDALADA MENTAL

 

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A Extração da Pedra da Loucura – Hieronimus Bosch (1501)


O impacto da pandemia no cotidiano e nas mentes das pessoas, passa a ser medido enquanto é fechado o balanço do primeiro ano de convivência com o
novel  modus vivendi .

É pacífica a constatação que as previsões sobre a saúde mental coletiva, as mais apocalípticas,  não se concretizaram.

A violência doméstica não ocupou o lugar da urbana que continua nas mesmas vielas, em bares  e biroscas semi-fechadas e nas festas clandestinas das comunidades periféricas.

Até o Papa reconheceu, movidos a pouca oração e muita cachaça, não temos salvação.

Em países onde foram implantados  lockdowns de verdade, não se verificou a prevista epidemia ainda maior de depressão e sua mais temível consequência, uma avalanche de suicídios.

A chegada da segunda onda de contaminação do vírus, duas vezes mais destruidora, coincidiu com a da vacina, cheia de imunidade e esperança.

Momentos de intensa ansiedade, alívio para os idosos, segurança para os guerreiros das linhas de frente e confiança que todos terão sua vez, numa escala de prioridades, anunciam  radiante primavera depois do mais rigoroso inverno.

A iminente volta à normalidade, estimula  o julgamento das ações e omissões que levaram à triste e inaceitável posição de pior desempenho entre todas as nações do mundo.

A preocupação com a saúde mental do dirigente máximo, não pode ser camuflada.

Especulações sobre o porque do Presidente da República não ter assumido a liderança de união nacional na mais grave crise sanitária, não terá fim.

O que o fez não admitir a gravidade dos fatos já que eles foram se sucedendo em crescente e a não seguir os exemplos das  demais lideranças mundiais, submissas à  cruel realidade.

A divisão ideológica e os interesses de cada grupo  político não permitem uma isenta identificação do que pode (ou não) ser  transtorno de personalidade antissocialnas fronteiras da psicopatia.

Tudo passa pela identificação de  comportamentos que se enquadrem nos parâmetros de diagnóstico.

Se faz parte do grupo de pessoas impulsivas  que não planejam com antecedência e não consideram as consequências dos seus atos  para a segurança delas próprias e das outras.

Que se mostram facilmente irritadas.

Se são física e verbalmente  agressivas.

E desprovidas de compaixão.

Devem ser observadas as  que emitem opiniões elevadas sobre si mesmas e teimosas, autoconfiantes e arrogantes, conquistam admiradores com charme muitas vezes tosco.

Há um caso exemplar, próximo e contemporâneo que merece ser lembrado para fins de comparação.

Abdalá Jaime Bucaram Ortiz, ex-presidente do Barcelona SC de Guayaquil e ex-prefeito da cidade, foi eleito na terceira tentativa, Presidente do Equador, em 1996.

Tantas fez, antes de completar o primeiro aniversário  de mandato,  que ouvida uma junta de psiquiatras, foi afastado pelo congresso por incapacidade mental.

Aqui, há cinco meses, o  ilustre professor Miguel Reale Junior já emitiu seu parecer.

Do ponto de vista jurídico, é possível, semelhante saída.

E nem precisa contar as pedaladas.

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Vincent van Gogh  (
1853 – 1890)

*** (Cinco meses depois da publicação original, devido agravamento da crise psiquiátrica, o tema é revisitado), 

2 thoughts on “UM CASO DE PEDALADA MENTAL

  • Maria Dalva Araújo

    Parabéns Domício!
    Mais uma vez, você coloca os pontos nos “Is”, com sutileza e inteligência.

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    • Domicio Arruda

      Muito me honra sua leitura, Dalva.

      Resposta

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