2 de maio de 2024
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UMA LUZ QUE SE ACENDE

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Diógenes – Jean-Léon Gérôme (1860)


Ninguém personifica mais o país nestes tempos de pandemia, que
Diógenes de Sinope.

Maltrapilho, escondendo suas vergonhas num velho barril, o filósofo cínico vagou com um candeeiro na  mão e uma ideia fixa na cabeça. Encontrar um homem honesto.

Ardendo em chamas, obrigado a contar aos milhares a cada dia, os que não resistem, o Brasil  procura uma saída política para a maior crise, econômica, social e sanitária de todas.

Timidamente.

Mesmo assim, os primeiros sinais incipientes são auspiciosos.

Entre o capitalismo selvagem  e o socialismo romântico, os partidos vão se ajustando, fugindo dos extremos.

O Novo que além do nome, representa o estado mínimo, já anunciou que sua estrela de maior grandeza não brilhará sob os holofotes, na próxima campanha eleitoral.

No outro campo, estatizante, os partidos mais à esquerda  vêm sendo submetidos a rigoroso regime de emagrecimento.

O PCdoB perdeu o peso mais pesado, o Governador Flavio Dino e o PSOL, seu astro global, Deputado Marcelo Freixo.

O jogo, tudo indica, vai ser pelas meias. Não necessariamente com a bola sempre servida aos dois veteranos em evidência.

Já é notório que o escrete precisa de um novo centro-avante. Mesmo que  não venha do consenso quase impossível, que possa ser a terceira via, com fôlego para romper a retranca da economia, mal saído do departamento médico.

O Congresso Nacional como em redenção pelo espetáculo de humor grotesco, sátira da santa inquisição, em cartaz na sala da comissão de inquérito do Senado, deu sinal que tem salvação.

A Câmara dos Deputados demonstrou que pode haver convergências quando justas mudanças são necessárias.

A revisão da lei da improbidade, antecipação da inevitável reforma administrativa, vem corrigir um erro gritante ao limitar poderes que têm sido abusivos, causando sofrimento a famílias e afastamento do serviço público, das melhores vocações.

É incrível que a principal mudança não tenha sido aprovada por unanimidade.

O pré-requisito de provas para que haja uma condenação, deveria ter sido sempre a norma, ainda que nunca sancionada.

Ainda há quem discorde que é preciso dolo e deliberada violação da lei, para que o crime seja configurado.

Talvez quem nunca parou para pensar nas armadilhas burocráticas e na inércia da máquina oficial que expõem reputações às lâminas afiadas dos trituradores dos moinhos carniceiros.

Ratificada pelo Senado, a nova lei de improbidade livrará de processos e punições, vítimas de  interpretações, as mais esdrúxulas, sobre o que é causar prejuízo ao erário.

Onde cabe até, o esquecimento de lâmpadas acesas na  repartição, por um fim de semana.

A luz há de brilhar mais uma vez.

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Céllus (2020)

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